A Caminho da Luz

domingo, 3 de março de 2013

O conformismo que mata todos os dias







Acho que os anos irão passar, novas décadas nascerão e meu discurso talvez mude bem pouco pois o mesmo problema que enfrentamos hoje, já enfrentamos em décadas e séculos passados. E ate penso, muitas vezes nos séculos passados as pessoas tinham mais coragem e compreendia mais tudo que as cercavam. Digo compreender, mas essa compreensão não está relacionada ao silêncio ou a aceitação de “mas a vida é assim”.

Com os anos sinto que minha vida está em constante inquietação e todas as sugestões que me são dadas tem sempre o cheiro de conformismo.O tal “aceite a vida pois ela é assim”, ou “o que eu posso fazer?”, “se conforme”. Todo esse  discurso arcaico e ate mofado me dá náuseas e me faz perguntar: Eu realmente nasci para viver e terminar os meus dias se banhando numa banheira chamada conformismo? Não quero me deleitar nessa aceitação vã e barata.

E o pior cada dia que passa as pessoas aumentam seus discursos como verdadeiras esponjas encharcadas de tudo que não serve, não acrescenta, apenas diminui. Discurso esses de aprisionamento, arrogância e egocentrismo puro. A minha inquietação é por não mais aceitar os ‘porquês’ vagos, as respostas curtas, a falta de liberdade e o pior – a falta de oportunidade de poder pensar. Porque pensar, está cada dia mais raro e ate mais caro, pois ainda pagamos um preso duro e doloroso por querer tentar pensar - talvez seja por isso que as  pessoas tem  tanto medo de pensar e o pior é que muitas delas tem medo do que elas vão descobrir ao pensar.

Eu não tenho medo da descoberta, eu tenho medo é de passar a vida toda sem fazer descoberta ou ate mesmo sem trazer a tona tais descobertas. Mudar ainda é preciso, relutar ainda se faz necessário, mas é bem mais simples ficar do lado dos poderosos, do que vai a favor das tais ditas normas sociais. E ainda há quem pensa que normas sociais é a nossa constituição. Isso se chama leis, normas sociais são as nossas imposições sobre as outras pessoas (normas sociais ainda é o mal que causamos achando que estamos fazendo e dizendo o bem. Toda fez que impomos algo estamos construindo mais normas, mais estereótipos e mais um mundo triste e amargo de se ver, de se ter e ate de se viver).

E ainda impomos, impomos o nosso pensar, a nossa opinião, os nossos gostos, os nossos amores e ate a nossa fé. Eu não quero que as pessoas tenham fé em mim, também não quero impor nada sobre essas pessoas ou para essas pessoas. Não sou santa e acredito que ate os santos tinham seus momentos de devaneios e desilusões, ainda priorizo a liberdade mas não confunda meu discurso de liberdade com a tal suposta libertinagem. Eu realmente quero que as pessoas sejam livres ao menos para pensar. Por favor, não vamos ter tanto medo de pensar.

A ditadura acabou mas a nossa ditadura infelizmente ainda continua instaurada muito em nós. Se descobrir é bom, é positivo pensar diferente e fugir das tais normas sociais. Se pensar é um pecado, eu prefiro está no pecado do que está na santidade sem tais pensamentos.

É muito triste ver tanta imposição e ate o riso é imposto. Quem diz o que é agradável para mim sou eu. Eu devo criar minha própria identidade e mudá-la quantas vezes eu quiser. Se não somos donos de nós mesmo, não podemos tentar mandar nos outros.

Não vamos morrer aos poucos, não vamos deixar que o conformismo inunda as nossas vidas. A nossa fé não pode ser conformista porque Deus não é um conjunto de apenas 10 mandamentos, Deus é muito mais do que a essência de uma filosofia suposta. Deus é bem mais do que esse beatismo arcaico, Deus vai muito mais além do que a nossa mente consegue captar. Deus ainda é liberdade. E o pior - pouco tenho escutado sobre a liberdade da fé. Quero ter fé mas quero que essa fé seja refeita, reconstruída, redescoberta e principalmente livre. Afinal cadê o livre-arbítrio?

O mundo mudou, a fé se reformulou mas o nosso egoísmo ainda continua o mesmo. Acho que os novos anos não combinam mais com esse vestido mofado chamado egoísmo.

O mundo transcedeu-se e a fé foi universalizada, ou as pessoas provam o seu amor por Deus amando a todos ou elas vão ter que inventar um novo formato de fé, pois antes da fé ainda vem o amor ao próximo, amor esse que infelizmente está muito ausente em nossa sociedade.

Vivemos no mundo de muita fé e pouco amor. É tantas pessoas com fé que elas são capazes de parar o planeta mas é tantas pessoas sem amor que talvez seja por isso que a fome ainda existe e mata todos os dias.

Não queremos saber o que é certo ou errado, o que torna certo e o errado ou quem é certo e errado. Essa busca pelo certo e pelos culpados do que é certo e ate do errado, nos tornou muito podados e presos a um verdadeiro abstrato repleto de nada. Passamos a vida fazendo lista do que podemos fazer, pensar e ate ser. E o pior que a vida passa e ainda não descobrimos quem somos, o que realmente pensamos e o que deveríamos fazer.

Não vamos desperdiçar mais anos de nossas vidas se prendendo em nós mesmo, se prendendo em ditaduras próprias. O mundo está aí, temos templos e igrejas mais que suficientes para a população de todo esse planeta mas e o amor? Será que temos amor suficiente para esse planeta?

Que o conformismo não mate a sua fé e o seu amor, viver não se resumi em sentar numa cadeira e fazer leituras do evangelho. Viver ainda é colocar em prática esse tal evangelho!

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