A Caminho da Luz

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PROBLEMAS DE TRANSMISSÃO MEDIÚNICA

PROBLEMAS DE TRANSMISSÃO MEDIÚNICA


Jaime aproximou-se de dedicado médium, transmitiu lenta e firmemente palavra por palavra de sua mensagem, falando claramente de seus objetivos, da necessidade de algumas providências técnicas e psicológicas.
Tudo ia bem e o arauto encarnado repetia as palavras com fidelidade, até que o inesperado aconteceu: inexplicavelmente, Jaime dizia uma coisa e o nosso médium outra, um pouco modificada na forma mas muito diferente na essência.
Por um momento houve estrenheza em nosso grupo. O que estaria ocorrendo? O médium era bem intencionado e sério, culto e preparado, tudo estava sendo feito como de hábito, por que o equívoco?
Jaime esforçou-se, fez o melhor que pôde, mas a mensagem não foi compreendida e, o que é pior, não tendo sido compreendida como devia, foi considerada suspeita e colocada de lado.
Os nossos técnicos esmiuçaram a aparelhagem, tudo. Nada revelava a causa daquela estranha interferência. Assim, tornaram aos temas evangélicos e doutrinários e tudo voltou à normalidade; mas sempre que Jaime se decidia a inovar e dar andamento ao projeto, a estranha ocorrência se registrava.
Por isso, Jaime, resolveu recorrer a um conhecedor profundo da técnica da comunicação dos planos superiores, que uma noite compareceu à reunião para determinar as causas da anormalidade. É claro que eu estava lá! Conhecer um “papa” da comunicação dos altos planos era algo inusitado e muito especial.
Eu esperava um sábio de alvas barbas, por isso surpreendeu-me a figura de um jovem quase imberbe de rosto alegre e sereno, cabelos louros e revoltos.
Quem diria! Mas era. E parece que no mundo de onde ele vive, dão preferência à aparência jovem; por isso, ele, que não mais reencarna na Terra, conserva-a há séculos e só vai mudá-la se quiser.
Não é incrível? Lá, o sonho da juventude eterna é uma realidade. Talvez seja por isso que o homem da Terra inverte tanto os valores. Tudo quanto lhe parece fantasia é que é realidade, e tudo quanto lhe parece sólido, material, está sujeito à transformação. Não é espetacular?
Nessa hora, tenho muita pena dos pesados e sisudos “cientistas” materialistas e louvo os maravilhosos contos de fadas infantis, que conseguem conservar um pouco de realidade nesse mundo caótico da Terra.
Mas ele chegou. Não sei como, não vi nenhum disco voador. Veio com tanta simplicidade e precisão que encantou a todos. Ouviu com paciência e bom-humor todas as alegações de Jaime. Passou os olhos percucientes por todo equipamento e esclareceu:
— Está tudo certo. Vocês fizeram tudo muito bem. Nada há de errado nem o que mudar.
Jaime fez um gesto largo:
— Então, por que essas interferências? Por que eles não captam todas as mensagens com fidelidade absoluta?
— Porque não podem.
— Mas quando generalizamos e falamos dos ideais nobres da vida maior, quando falamos sobre os Evangelhos ou sobre Filosofia Espírita, captam com absoluta fidelidade. Até com as mesmas palavras. Chegam a repetir meus gestos pessoais, o tom da minha voz. Mas sempre que quero acionar o mecanismo mais objetivo no âmbito individual, mencionar datas, nomes, fatos, como faria através de um aparelho telefônico na Terra, isso não acontece. Por quê? Ainda há mais: sempre que aciono uma mudança e procuro objetivar nossos planos, eles o deturpam e ficam duvidosos, angustiados. Afinal, o que está errado?
O jovem sábio sorriu amavelmente e esclareceu:
— Ruídos da comunicação. Vocês estão perfeitos, dentro da mais requintada técnica do seu plano consciencial, analisaram o plano consciencial terreno e, reduzindo sua frequência, entram em contato com eles. Contudo, talvez não tenham observado que todos os estímulos que o homem terreno recebe na forma de ideias são rapidamente decodificados pela mente e reestruturados dentro de suas próprias dimensões. Tudo quanto for novo e não encontrar repercussão na decodificação sofre adaptação aproximada; prevalecendo aí as variantes da personalidade.
Não compreendi bem, mas Jaime parece que entendeu, porque tornou decepcionado:
— Quer dizer que essa variante sempre interfere na comunicação?
— Sempre. Se você mostrar um prisma do seu plano com suas maravilhosas cores a um homem, mesmo que ele as “veja” com a mente, mencionará apenas as sete cores que conhece na Terra. Estará decodificando as demais dentro do seu limite de registro.
— Quer dizer que não vou conseguir falar aos homens como num telefone?
— É muito difícil. Venho estudando o assunto há séculos e tenho observado que, para que isso viesse a ocorrer, haveria necessidade do homem viver muito desprendido da vida terrena, antecipando a vida fora da matéria, o que não é fácil.
— Quer dizer que devemos desistir?
— Claro que não. Continuem, apesar de tudo, porque a ideia transmitida, embora decodificada à maneira de cada um, é preciosa semente para o futuro. Depois, existe a experiência na Terra que conduz o homem às mudanças fundamentais, que vocês podem usar como meio para alcançar seus nobres ideais.
— Quer dizer que não há maneira de eu falar aos homens sem interferência na comunicação?
— Há — tornou ele, — e muitos têm se utilizado dela. É reencarnar na Terra e tentar falar com eles diretamente. Mesmo assim, o processo lá é tão lento que por vezes eles só vão entender o que você diz séculos depois, quando você já tiver regressado. Mas sempre valerá a pena tentar.
Saí pensativo. Será por isso que sempre que eu quero contar coisas pessoais através dos médiuns, com datas, fatos e provas, há ruído em nossa comunicação?
Ou será que esse ruído é um recurso que a vida usa para evitar o personalismo, o interesse particular, e nos convidar às grandes causas, ao bem coletivo e fundamental?
Livro: Bate-Papo Com o Além
Zibia Gasparetto, pelo Espírito Silveira Sampaio

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