Quando o Evangelho penetra o Lar
Para a generalidade dos estudiosos, o
Cristo permanece tão somente situado na História modificando o curso dos
acontecimentos políticos do mundo; para a maioria dos teólogos, é simples
objeto de estudo, nas letras sagradas, imprimindo novo rumo às interpretações
da fé; para os filósofos, é o centro de polêmicas
infindáveis, e, para a
multidão dos crentes inertes, é o benfeitor providencial nas crises inquietantes
da vida comum. Todavia, quando o homem percebe a grandeza da Boa Nova,
compreende que o Mestre não é apenas o reformador da civilização, o legislador
da crença, o condutor do raciocínio ou o doador de facilidades terrestres, mas
também, acima de
tudo, o renovador da vida de cada um. Atingindo esse ápice
do entendimento, a criatura ama o templo que lhe orienta o modo de ser; contudo,
não se restringe às reuniões convencionais para as manifestações adorativas e,
sim, traz o Amigo Celeste ao santuário familiar, onde
Jesus, então, passa a
controlar as paixões, a corrigir as maneiras e a inspirar as palavras,
habilitando o aprendiz a traduzirlhe os ensinamentos eternos através
de
ações vivas, com as quais espera o Senhor estender o divino reinado da paz
e do amor sobre a Terra. Quando o Evangelho penetra o Lar, o coração abre mais
facilmente a porta
ao Mestre Divino. Neio Lúcio conhece esta verdade profunda
e consagra aos discípulos novos algumas das lições do Senhor no círculo mais
íntimo dos apóstolos e seguidores da primeira hora. Hoje, que quase vinte
séculos são já decorridos sobre as primícias da Boa Nova, o domicílio de Simão
se transformou no mundo inteiro...
Jesus continua falando aos companheiros de
todas as latitudes. Que a sua voz incisiva e doce possa gravar no livro de nossa
alma a lição renovadora de que
carecemos à frente do porvir, convertendo-nos
em semeadores ativos de seu infinito amor, é a felicidade maior a que poderemos
aspirar. Emmanuel Pedro Leopoldo, 3 de outubro de 1949
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