Quando publicamos textos espíritas que se voltam mais a área científica do que a moral ou a filosófica, notamos que muitos ainda possuem várias resistências, como se tudo precisasse estar resumido na moral.
Várias vezes, ao falarmos sobre as questões de alimentação, vestes, aparências dos Espíritos, mediunidade, etc., companheiros (as) surgem afirmando que isso pouco importa e que o que mais vale é o amor, a caridade, o respeito, como se falar de Espiritismo sob a ótica científica fosse um pecado, uma heresia. Esquecem-se, porém, que mais que uma Doutrina moral ou filosófica, o Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e se não for observado como tal, tende a tornar-se apenas mais uma religião a confundir-se entre as demais, quando não é esta a sua proposta.
O Espiritismo nos convida a refletirmos sobre a vida espírita e não simplesmente a vida espiritual, o que daria um sentido diferente na argumentação, pois que espírita e espiritual possuem sentidos muito diversos. A Doutrina Espírita não é religião e não se comporta como tal e o nosso estudo em torno do Espiritismo nos leva a compreensão disto através das instruções que nos dão os próprios Espíritos e também Allan Kardec, mas o movimento espírita, em grande parte, ainda pretende vivenciar o Espiritismo como um novo segmento religioso, o que denota falta de compreensão sobre os seus verdadeiros princípios. Por parte das pessoas que buscam o Espiritismo para sanar as suas dúvidas, conforta-se e se esclarecer é compreensível este posicionamento, pois muitos procuram o Espiritismo vindo de outras religiões, outras Doutrinas, mas quando se trata de dirigentes, orientadores, oradores, escritores, comunicadores do Espiritismo, este comportamento torna-se incompatível e inapropriado, pois é sinal claro de que lhes falta esclarecimento doutrinário. Como pessoas que estão assumindo liderança, tem por obrigação esclarecer-se para esclarecer, mas infelizmente não é isso o que acontece em grande parte.
Quantos são os comunicadores que divulgam ideias místicas, ritualísticas ou religiosas que se assemelham mais a Doutrinas Espiritualistas que ao Espiritismo em si; quantos são os que divulgam a necessidade de vestir-se desta ou daquela forma para manter o contato entre os Espíritos, a usar estes ou aqueles objetos, acenderem velas, queimarem incensos, usarem colares e amuletos, rezarem estas ou aquelas palavras; quantos são os que divulgam temas absurdos acerca do Espiritismo e que com um estudo sério das obras da Codificação logo caem por terra? Fazer do Espiritismo uma simples religião, acreditando que "só Jesus salva" é cometer gafes em se tratando desta ciência fantástica.
Podemos e devemos viver o Espiritismo moral tão bem expresso em O Evangelho Segundo o Espiritismo; devemos viver com amor e caridade sempre, fazendo aos outros o que queremos para nós; devemos seguir os ensinamentos de Jesus em um máximo de tempo possível de acordo com as nossas possibilidades, mas se assumimos a bandeira da Doutrina Espírita, se nos intitulamos espíritas e se desejamos seguir esta linda Doutrina, não devemos resumi-la a uma simples religião.
O estudo do Espiritismo se faz com Allan Kardec e sempre com Kardec, pois que as obras de Allan Kardec não expressam o seu ponto de vista, mas o dos Espíritos Superiores que estão muito a frente de todos nós e muitos a frente do próprio Codificador. Enquanto romances de autores espirituais consagrados são o pensamento particular destes próprios autores, as obras da Codificação revelam o Controle Universal do Ensinamento dos Espíritos e é isso o que faz destas obras, obras imbatíveis quando se trata de Espiritismo.
Observar o Espiritismo somente por um dos seus aspectos é derrubar o seu tripé (Ciência, Filosofia e Moral). Viver o Espiritismo como uma religião é alienar-se e adiar oportunidades de conhecimento acerca de nossa vida real que é a vida de Espírito.
Aproveite a oportunidade que Deus lhes concedeu de conhecer o Espiritismo e estude seriamente os seus verdadeiros princípios, a iniciar pelo Livro dos Espíritos que é a sua obra mais importante. Não se deixe levar pelo que dizem a maioria, pois infelizmente ainda a maioria segue a correnteza e poucos são os que sabem pensar por si mesmos, destacando-se da massa. Estudando seriamente a Doutrina Espírita nos tornamos aptos e compreender os porquês da vida, a entendermos nossas relações com os Espíritos, o poder dos nossos pensamentos e de nossa missão perante o Universo. Isso fará com que olhemos a vida com novos olhos, ou seja, com nova interpretação, dando-nos ânimo, coragem e uma fé inabalável.
Com o estudo da Codificação, podemos ler qualquer obra de qualquer autor e teremos um excelente filtro para separarmos, na leitura, o joio do trigo.
André Ariovaldo
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