A Caminho da Luz

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Algumas Definições de Morte


Algumas Definições de Morte
A morte é de morte. Não esperava, pois tinha uma vida mais ou menos
controlada nos padrões encarnados. Julgava, sinceramente e sem maldade
(que eu me lembre) que não morreria, ou por outra era eterno, pois o
dinheiro resolveria tudo. Se mal não fiz, bem não julgava ser de a minha
competência fazer. Trabalhei muito e Lutei o suficiente. Bastava-me.
Desprendimento tinha e muito. Não me lembro (embora ainda esteja um
pouco confuso) de ter negado um pão, um quilo de alimento, mas
sinceramente o fazia mais por automatismo (vos digo uma coisa: a
consciência é uma porcaria). Só tinha um fraco: imóveis. Tinha inúmeros
e não desejei dividir nem com meus filhos. Morto o corpo, as coisas
aparecem, e hoje sou zumbi desencarnado, pois meus filhos me maldizem
dia após dia, por ter-lhes omitido. Desejei ensinar-lhes como ganhar o
pão de cada dia com o próprio suor, mas omiti-lhes o que lhes era de
direito. Não obstante o fato em é que ainda hoje custa-me aceitar que
fui sovina até mesmo das mínimas alegrias. Assim, esta é minha morte: um
pesadelo vivo. Não fora o afastamento dimensional estaria louco. Estou
em tratamento, mas vira e mexe sonho com meus filhos me roubando. Aviso
aos sovinas: a morte é um tempestade, nossa consciência um raio. (01).
A morte para mim é uma continuidade da vida. Muito trabalhei, muito
lutei, muito doei de mim mesmo, muito embora as medidas sejam minhas,
sabendo-me devedor de minha santinha. (Nossa Senhora da Aparecida).
Nasci no agreste deste Brasilsão e 0 tive 15 filhos. A enxada foi minha
ferramenta de trabalho. Nunca pude estudar, mas dos 15 filhos, os 13 que
sobreviveram àquela vida dura, todos estudaram e, todas minhas filhas
formaram-se na escola normal, o que era normal na época, dois de meus
filhos formaram-se na capital (Fortaleza), ambos médicos e um ficou
comigo dando continuidade na nossa roça. Morri no mato, picado por uma
Urutu, longe de todos. Nunca fiz mal a uma formiga (a não ser que não
tenha visto). Vivi 80 anos na terra bem vividos. Hoje morto vejo que
o fato de nunca ter reclamado de nada e, sempre ter caminhado para
frente, me deu muita proteção. Morri no tempo certo, mas sei intimamente
que não fiz todo o bem que poderia (na época não poderia, tinha dinheiro
para o essencial). Assim estou em paz de consciência. Decorrido 40 anos
da minha desencarnação, hoje já sou outro ser, detendo boa parte das
memórias de minha vida anterior (e eu que, sendo católico jamais pensei
nisto). Preparo-me para fazer medicina por aqui, para renascer por aí
dentro de tempo longo e ser médico. Quase todos meus filhos
desencarnaram, uns bem; outros visito sempre nos hospitais nos quais se
recuperam dos buracos da estrada; e os dois médicos ainda estão por aí
cavando buraco, um católico, outro espírita, ambos trabalhando nas
horas vagas em hospital de indigentes em grande capital do País. Meu
filho que meu ajudou até o final desencarnou esta semana vim buscar,
assim juntamos, eu e minha véia, perto da qual sou um cisco de luz, para
dar-vos esta palavrinha. Meus netos e bisnetos tocam nosso ex-ranchinho,
atual fazenda, com vista à continuidade do que não é nosso. Se algo
podemos dizer da morte: a morte é nossa amiga, nós é que somos inimigos
da vida. Ah, com relação à Urutu, a perdoei e pedi a Jesus que lha
desce muitos descendentes. Não são elas que invadiram nosso território.
(02).
Para mim, a morte foi um nada. Como um nada, quando despertei, no nada,
nada encontrei. Entre despertares e desmaios (se é que podemos assim
chamarmos) foram 25 anos. Não, não suicidei. Apenas não cri. Não
acreditava em nada espiritual. Tudo era matéria, nada existia além do
material. Fui Filósofo, antropólogo, filologista, era PHd em Línguas
Ancestrais. Falava Português, Inglês, Grego, Latim, Aramaico, Árabe,
Alemão, Italiano e sânscrito. Vivi 95 anos na mais completa solidão. Eu
fui somente um usurário de meus próprios bens. Ainda padeço da dor da
inação, ainda que tenha lecionado 50 anos em grande Universidade no País
da Águia. Não me casei, pois os meus livros (tinha 5000, os quais
estudei todos), me bastavam. Não deixei descendente e jamais me dei ao
desfrute de paixões. Ou seja, se era (e sou) rico de cultura jamais
doei um pedaço de mim mesmo para alguém. Dava aulas para meu sustento,
sempre pensando que estava lançando pedra aos porcos. A morte: Hoje já
desperto, continuo mexendo com livros, mas apenas os entrego e os
recolho aqui na biblioteca da Cidade espiritual em que mourejo meus dias
de penitência. Disseram-me por cá que ainda terei que trabalhar 400 anos
para poder, quem sabe, reencarnar por aí (as recaídas são muitas).
Significado da morte para mim: ao que posso depreender, quando vivo era
uma múmia viva, agora morto não morri, vejo a cada minuto que esculpi
meu próprio libelo acusatório, sendo que vira-e-mexe, ainda tenho alguns
achaques sovinistas. (03)
Qual será a nossa morte?
Sem comentários.
Médium: Paulo Viotti Espírito: Teobaldo 
(01) Espírito de Cláudio
(02) Espírito de Simplício
(03) Espírito de Temístocles

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