Cego de Jericó
O
Evangelho de Lucas contém a passagem do cego de Jericó. Segundo ele, perto de
Jericó, havia um cego assentado junto do caminho, mendigando. Ao ouvir passar
a multidão, perguntou o que era aquilo. Responderam-lhe que Jesus, o
Nazareno, passava. Imediatamente o cego clamou, dizendo: Jesus, filho
de David, tem misericórdia de mim. Os que passavam o repreendiam para
que se calasse. Mas ele clamava ainda mais alto pela misericórdia do
Cristo. Então, Jesus parou e mandou que lhe trouxessem o pedinte. Quando
esse foi posto ao Seu lado, indagou o que queria que lhe fizesse. O cego
respondeu: Senhor, que eu veja. Jesus lhe disse: Vê; a tua fé te
salvou. O mendigo, imediatamente, passou a ver e a seguir Jesus,
glorificando a Deus. * * * Essa narrativa enseja interessantes
reflexões. Retrata qual deve ser o propósito dos seres em evolução, perante
as bênçãos celestes. Um miserável se encontrou com o representante da
Misericórdia Divina na Terra. Nessa oportunidade tão magnífica, ele pediu
para ver. O objetivo desse cego honesto e humilde deveria ser o de todos os
homens. Mergulhados na carne ou fora dela, com frequência, se assemelham ao
pedinte de Jericó. O trabalho da vida os chama, apela por eles com
veemência. A luz do conhecimento os abençoa. O afeto da família os
sustenta. As oportunidades se apresentam, instigantes e preciosas. Mas
eles permanecem indecisos, à beira do caminho. Quedam inertes, sem coragem de
marchar para a realização elevada que lhes compete atingir. É como se
esperassem facilidades imensas. Como se o trabalho do bem devesse ser feito
por privilegiados. Nesse contexto de preguiça e covardia, por vezes, surge
uma revelação espiritual. De algum modo, dá-se a aproximação com a esfera
psíquica do Cristo. Então, o mundo se volta contra eles. Esse movimento
repressor pode se dar das mais variadas formas. Pode ser na figura de
convites a viver com leviandade. Ou mediante o discurso desanimador quanto à
vitória do bem. De um modo ou de outro, eles são induzidos à indiferença para
com o bem maior. Então, muito raramente sabem pedir com sensatez. Por isso
mesmo, é muito valiosa a recordação do pobrezinho referido pelo evangelista
Lucas. Não é preciso e nem conveniente comparecer diante do Mestre com
volumosa bagagem de rogativas. Não é sensato pedir por facilidades,
influências ou riquezas as mais diversas. Basta que se lhe peça o dom de ver,
com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo. Que o
Senhor conceda o dom de enxergar todos os fenômenos e situações, pessoas e
coisas, com amor e justiça. Com esse dom, cada qual possuirá o necessário à
própria alegria imortal. Pense nisso.
com base no cap. 44, do livro Caminho, Verdade e
Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier
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