Se
convidada para festas,
Natalícios de Antonio ou de Alencar,
Respondia
colocando as mãos na testa:
- Não posso ir, preciso trabalhar.
Noventa
e quatro anos de existência!...
Sem se importar com isso,
Morreu Maria, a
mãe da paciência,
Entregando-se a Deus, mas pensando em serviço.
De
corpo inerte, e, agora em outra dimensão,
Despertou, pouco a pouco, para o
caminho da libertação
Sabia-se acordada em novo leito,
Não mais sentia a
dor que se lhe impunha ao peito.
Interiormente,
via-se feliz,
Servidora fiel, agora transformada,
Ouvia o pipilar dos
passarinhos
E entendeu que nascia a madrugada.
O
enterro começou no esforço de três moças:
Lynete, Donda, Nega e mais alguns
amigos,
Seguido por irmãos desencarnados
Seus afetos e laços mais
antigos.
Deposta,
a fim de viajar sob a grande mudança,
Levantou-se Maria, a sorrir de
esperança.
Amparada por vários benfeitores,
Notou que se encontrava num
montão de flores...
Desconhecendo
a nova dimensão,
Fitou-os e falou enternecida:
- "Sou muito grata a
todos,
Deus lhes compense a vida...".
Não
dava a idéia de lembrar
As feridas do próprio sofrimento.
Nós, porém,
víamos com clareza
Que ela exigia novo tratamento.
Maria,
valorosa, embora manquejando,
Entrou na grande fila dos que iam pedir apoio e
certidão.
No entanto, veio até nós, um anjo que lhe disse:
- Maria, não
ceda à inquietação!....
-Entre:
A casa é sua. Venha tomar
sua certidão, seu passaporte.
O serviço que é
seu, em seu próprio lugar,
Você não tem problemas ante a morte....
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