A Caminho da Luz

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

intercambio – Allan Kardec e Preto Velho


intercambio – Allan Kardec e Preto Velho



Pouca gente sabe, mas numa das reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec evocou um Espírito que, segundo as terminologias da cultura brasileira, poderia ser classificado como um “preto velho”. Esse encontro, narrado pelo próprio Kardec nas páginas da sua histórica “Revista Espírita” (Revue Spirite), de junho de 1859, aconteceu na reunião do dia 25 de março daquele mesmo ano. Pai César – este o nome do Espírito comunicante – havia desencarnado em 8 de fevereiro também de 1859 com 138 anos de idade – segundo davam conta as notícias da época –, fato este que certamente chamou a atenção do Codificador, que logo se interessou em obter, da Espiritualidade, mais informações sobre o falecido, que havia encerrado a sua existência física perto de Covington, nos Estados Unidos. Pai César havia nascido na África e tinha sido levado para a Louisiana quando tinha apenas 15 anos.
Antes de iniciar a sessão em que se faria presente Pai César, Allan Kardec indagou ao Espírito São Luís, que coordenava o trabalho, se haveria algum impedimento em evocar aquele companheiro recém-chegado ao Plano Espiritual. Ao que respondeu São Luís que não, prontificando-se, inclusive, a prestar auxílio no intercâmbio. E assim se fez. A comunicação, contudo, mal iniciada, já conclamou os participantes do grupo a muitas reflexões. Na sua mensagem, Pai César desabafou, expondo a todos as mágoas guardadas em seu coração, fruto dos sofrimentos por que passara na Terra em função do preconceito que naqueles dias graçava em ainda maior escala do que hoje. E tamanhas eram as feridas que trazia no peito que chegou a dizer a Kardec que não gostaria de voltar a Terra novamente como negro, estaria assim, no seu entendimento, fugindo da maldade, fruto da ignorância humana. Quando indagado também sobre sua idade, se tinha vivido mesmo 138 anos, Pai César disse não ter certeza, fato compreensível, como esclarece o Codificador, visto que os negros não possuíam naqueles tempos registro civil de nascimento, sobretudo os oriundos da África, pelo que só poderiam ter uma noção aproximada da sua idade real. A comunicação de Pai César certamente ajudou Kardec, em muito, a reforçar as suas teses contra o preconceito, o mesmo preconceito que o levou a fazer, dois anos depois, nas páginas da mesma “Revista Espírita”, em outubro de 1861, a declaração a seguir, na qual deixou patente o papel que o Espiritismo teria no processo evolutivo da Humanidade, ajudando a pôr fim na escuridão que ainda subjuga mentes e corações.
Revista Espírita – Outubro de 1861 – Kardec
“O Espiritismo, restituindo ao espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor.”.
Fonte: SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES ed.nº. 2090 (19/04/2008).
Observações
Esta conversa nos faz refletir nos dias de hoje, pois vemos em muitas casas “espiritas” realizando a pratica do preconceito com nossos irmãos em espirito, é lamentavel que irmãos que se dissem “espiritas karcecistas ortodoxos” (termo qual não existe) não aceitem a comunicação de espiritos que se apresentem com a roupagem fluidica (periespirito) de um preto velho, indo contra os ensinamentos deixados por Kardec, que sempre nos alertou que não importava a aparencia, nem o nome do espirito e sim o proposito com o qual se apresentão estes espiritos.
Que possamos refletir a respeito desta indagação, e que as separações que criamos aqui na terra possam refletir somente aqui, por que no plano espiritual não ha essa divisão somos todos irmãos, que caminhamos juntos para o crecimento.
Que a luz do nosso Metre Jesus possa iluminar o coração de todos, e que os nossos irmãos pretos (as) Velhos (as) possam ser bem vindo nesta casa de amparo, e tragam como sempre sua simplicidade e seu amor incondicional por nós.

Um comentário:

  1. Gostei muito da publicação. Fui criada no Kardecismo e nunca entendi o preconceito com os espíritos dos vovozinhos, caboclos e indios. Por esse motivo e muitos outros, considero-me uma pensadora livre., hoje. Parabéns pelo artigo.

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