O
Espiritismo, ligando às leis da Natureza a maior parte dos fenômenos reputados
sobrenaturais, vem precisamente combater o fanatismo e o maravilhoso, que o
acusam de querer fazer reviver; ele dá dos que são possíveis uma explicação
racional, e demonstra a impossibilidade dos que seriam uma derrogação das leis
da Natureza. A causa de uma imensidão de fenômenos está no princípio espiritual,
cuja existência vêm provar. Mas como os que negam esse princípio podem admitir
as suas consequências? Aquele que nega a alma e a vida extracorporal não pode
reconhecer os seus efeitos.
Para
os espíritas, o fato de que se trata nada tem de surpreendente e se explica, por
analogia, com uma multidão de fatos do mesmo gênero, cuja autenticidade não pode
ser contestada. Entretanto, as circunstâncias em que se produziu apresentam uma
dificuldade; mas o Espiritismo jamais disse que não tinha mais nada a aprender.
Ele possui uma chave, cujas aplicações ainda está longe de compreender na sua
inteireza; aplica-se a estudá-las, a fim de chegar a um conhecimento tão
completo quanto possível das forças naturais e do mundo invisível, no meio do
qual vivemos, mundo que nos interessa a todos, porque todos, sem exceção,
devemos nele entrar mais cedo ou mais tarde, e vemos todos os dias, pelo exemplo
dos que partem, a vantagem de o conhecer antecipadamente.
Nunca
repetiríamos em demasia: O Espiritismo não faz nenhuma teoria preconcebida; vê,
observa, estuda os efeitos e dos efeitos procura remontar às causas, de tal
sorte que, quando formula um princípio ou uma teoria, sempre se apoia na
experiência. É, pois, rigorosamente certo dizer que é uma ciência de observação.
Os que fingem nele não ver senão uma obra de imaginação, provam que lhe ignoram
as primeiras palavras.
Livro:
Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos - Ano XI,
1868
(nº
1 - janeiro de 1868)
Allan
Kardec
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