A Caminho da Luz

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Como a espiritualidade vê a Umbanda

Como a espiritualidade vê a Umbanda



Segue abaixo algumas considerações do Mestre Ramatís sobre nossa querida Umbanda e sobre como a espiritualidade superior vê a Umbanda:

Como é que os Mentores Espirituais encaram o movimento de Umbanda Observado do Espaço?
Ramatis: Evidentemente, sabeis que não há separatividade nem competição entre os Espíritos benfeitores, responsáveis pela espiritualização da humanidade. As dissensões sectaristas, críticas comuns entre adeptos espiritualistas, discussões estéreis e os conflitos religiosos, são frutos da ignorância, inquietude e instabilidade espiritual dos encarnados. Os Mentores Espirituais não se preocupam com a ascendência do Protestantismo sobre o Catolicismo, do Espiritismo sobre a Umbanda, dos Teosofistas sobre os Espíritas, mas lhes interessa desenvolver nos homens o Amor que salva e o Bem que edifica!
Os primeiros bruxuleios de consciência espiritual liquidam as nossas tolas criticas contra os nossos irmãos de outras seitas. Em primeiro lugar, verificamos que não existe qualquer “equívoco” na criação de Deus e, secundariamente, já não temos absoluta certeza de que cultuamos a “melhor” Verdade! Ademais, todas as coisas são exercidas e conhecidas no tempo certo do grau de maturidade espiritual de cada ser, porque o Espírito de Deus permanece inalterável no seio das criaturas e as oriente sempre para objetivos superiores. As lições que o homem recebe continuamente, acima do seu próprio grau espiritual, significam a “nova posição evolutiva”, que ele depois deverá assumir, quando terminar a sua experiência religiosa em curso.
Obviamente, os Mentores Espirituais consideram o movimento de Umbanda uma seqüência ou aspiração religiosa muitíssimo natural e destinada a atender uma fase da graduação espiritual do homem. A Administração Sideral não pretende impor ao Universo uma religião ou doutrina exclusivista, porém, no esquema divino da vida do Espírito eterno, só existe um objetivo irredutível e definitivo – a Amor!
Em conseqüência, ser católico, espírita, protestante, umbandista, teosofista, muçulmano, budista, israelita, hinduísta, iogue, rosacruciano, krisnamurtiano, esoterista ou ateu, não passa de uma experiência transitória em determinada época do curso ascensional do Espírito eterno! As polemicas, os conflitos religiosos e doutrinários do mundo, não passam de verdadeira estultícia e ilusão, pois só a ignorância do homem pode levá-lo a combater aquilo que ele “já foi” ou que ainda “há de ser”! É tão desairoso para o católico combater o protestante, ou o espírita combater o umbandista, como em sentido inverso, pois os homens devem auxiliar-se mutuamente no próprio culto religioso, embora respeitem-se na preferência alheia, segundo o seu grau de entendimento espiritual.
É desonestidade e cabotinismo condenarmos a preferência alheia, em qualquer tributo espiritual da vida humana! Pelo simples fato de um homem detestar limões, isto não lhe dá o direito de reclamar a destruição de todos os limoeiros, nem mesmo exigir que seja feito o enxerto a seu gosto!


E o que vós julgais da Umbanda?

Ramatis: Embora reconheçamos que o vocábulo trinário Umbanda, em sua vibração intrínseca e real, significa a própria “Lei Maior Divina” regendo sob o ritmo septenário o desenvolvimento da Filosofia, Religião e a existência humana pela atividade da Magia em todas as latitudes do Universo, neste modesto capítulo referimo-nos à Umbanda, apenas como doutrina de espiritualismo de “Terreiro”. Sabemos que a palavra Umbanda é síntese vibratória e divina, abrangendo o conjunto de leis que disciplinam o intercâmbio do Espírito e a Forma, em vez de doutrina religiosa ou fetichista. Ela é conhecida desde os Vedas e demais escolas iniciáticas do passado, mas foi olvidada na letargia das línguas mortas e abastardada nos ritos africanos, passando a definir praticas fetichistas e atos de sortilégios. Em certos casos, chegaram a confundi-la com a própria atividade do sacerdote negro!
Sem dúvida, ela deturpou-se na sua divina musicalidade e enfraqueceu a sua intimidade sonora na elevada significação de um “mantram” cósmico! Mas devido à ancestralidade divina existente no Espírito humano, Umbanda será novamente expressa e compreendida na sua elevada significação cósmica, mercê do trabalho perseverante dos próprios umbandistas estudiosos e descondicionados do fetichismo escravizante de seita! No entanto, nós prosseguiremos neste labor mediúnico, examinando Umbanda, somente em sua atual condição de sistema doutrinário mediúnico religioso!

E que dizeis de Umbanda, como “espiritualismo de Terreiro”?
Ramatis: Em face de nosso longo aprendizado no curso redentor da vida humana, almejamos que a doutrina espiritualista de Umbanda alcance os objetivos louváveis traçados pela Administração Sideral.
Indubitavelmente, a Umbanda, ainda não passa de uma aspiração religiosa algo entontecida, mas buscando sinceramente uma forma de elevada representação no mundo. Não apresenta uma unidade doutrinária e ritualística conveniente, porque todo “Terreiro” adora um modo particular de operar e cada chefe ou diretor ainda se preocupa em monopolizar os ensinamentos pelo crivo de convicção ou preferência pessoal. Mas o que parece um mal indesejável é conseqüência natural da própria multiplicidade de formas, labores e concepções que se acumulam prodigamente no alicerce fundamental da Umbanda.
Aqueles que censuram essa instabilidade muito própria da riqueza e variedade de elementos formativos umbandisticos, são maus críticos, que devido à facilidade de colherem frutos sazonados numa laranjeira crescida, não admitem a dificuldade do vizinho ainda no processo da semeadura.

Poderíeis usar de alguma imagem comparativa que nos sugerisse melhor entendimento sobre a situação atual da Umbanda?
Ramatis: A Umbanda é como um grande edifício sem controle de condomínio, onde cada inquilino vive a seu modo e faz o seu entulho! Em conseqüência, o edifício mostra em sua fachada a desorganização que ainda lhe vai por dentro. As mais excêntricas cores decoram as janelas ao gosto pessoal de cada morador; ali existem roupas a secar, enfeites exóticos, folhagens agressivas, bandeiras, cortinas, lixo, caixotes, flores, vasos, gatos, cães, papagaios e gaiolas de pássaros numa desordem ostensiva. Debruçam-se nas janelas criaturas de toda cor, raça, índole, cultura, moral, condição social e situação econômica. Enquanto ainda chega gente nova trazendo novo acervo de costumes, gostos, temperamentos e preocupações, que em breve tentam impor aos demais.
Malgrado a barafunda existente, nem por isso é aconselhável dinamitar o edifício ou embargá-lo, impedindo-o de servir a tanta gente em busca de um abrigo e consolo para viver a sua experiência humana. Evidentemente é bem mais lógico e sensato firmar as diretrizes que possam organizar a vivencia proveitosa de todos os moradores em comum, através de leis e regulamentos formulados pela direção central do edifício e destinados a manter a disciplina, o bom gosto e a harmonia desejável.

Quereis dizer que apesar da confusão atual reinante na Umbanda, ela tende para a sua unidade doutrinária, não é assim?
Ramatis: Apesar dessa aparência doutrinária heterogênea, existe uma estrutura básica e fundamental que sustenta a integridade da Umbanda, assim como um edifício sob a mais fragrante anarquia dos seus moradores, mentem-se indestrutível pela garantia do arcabouço de aço.
Da mesma forma, o edifício da Umbanda, na Terra, continua indeformável em suas “linhas mestras”, bastando que os seus lideres e estudiosos orientem-se através da diversidade de formas exteriores, para em breve identificar essa unidade doutrinária iniciática. Os Terreiros ainda lutam entre si e atacam-se mutuamente, em nome de princípios doutrinários e ritualísticos semelhantes, enquanto sacrificam a autenticidade da Umbanda pela obstinação e pelo capricho da personalidade humana. É tempo dos seus lideres abdicarem do amor-próprio, da egolatria e interesses pessoais, para pesquisarem sinceramente as “linhas mestras” da Umbanda e não as tendências próprias e que então confundem à guiza de princípios doutrinários.

Considerando-se que a Umbanda é de orientação espiritual superior, qual é a preocupação atual dos seus dirigentes, no Espaço?
Ramatis: Os Mentores da Umbanda, no momento, preocupam-se em eliminar as praticas obsoletas, ridículas, dispersivas e até censuráveis, que ainda exercem os umbandistas alheios aos fundamentos e objetivo espiritual da doutrina. Sem dúvida, uns adotam excrescências inúteis e abusivas no rito e características doutrinarias de Umbanda, por ignorância, alguns por ingenuidade e outros até por vaidade ou interesse de impressionar o publico. Inúmeras práticas que, de inicio, serviram para dar o colorido doutrinário, já podem ser abolidas em favor do progresso e da higienização dos “Terreiros”.
Aliás, a Umbanda é um labor espiritual digno e proveitoso, mas também é necessário se proceder à seleção de adeptos e médiuns, afastando os que negociam com a dor alheia e mercadejam com as dificuldades do próximo.
Raros umbandistas percebem o sentido especifico religioso da Umbanda, no sentido de confraternizar as mais diversas raças sob o mesmo padrão de contato espiritual com o mundo oculto. Sem violentar os sentimentos religiosos alheios, os Pretos-Velhos são o “denominador comum” capaz de agasalhar as angustias, suplicas e desventuras dos tipos humanos mais diferentes. São eles os trabalhadores avançados, espécie de bandeirantes desgalhando a mata virgem e abrindo clareiras para o entendimento sensato da vida espiritual, preparando os filhos e os habituando a soletrar a cartilha da humildade para mais breve entenderem a própria mensagem iniciática (e doutrinária) do Espiritismo.
A Umbanda tem fundamento e quando for conhecido todo o seu programa esquematizado no Espaço, os seus próprios críticos verificarão a comprovação do velho aforismo de que “Deus escreveu certo por linhas tortas”.

A Maioria dos espíritas assegura que na Umbanda só baixam Espíritos inferiores, ainda presos às superstições e práticas pagãs. Que dizeis?
Ramatis: Inúmeras vezes temos advertido que a presença de Espíritos inferiores não depende do gênero de trabalho mediúnico, nem do tipo da doutrina espiritualista, mas exclusivamente da conduta, do critério moral dos seus componentes e adeptos.
Juntamente com as falanges de Espíritos primários ou pagãos, também operam na Linha Branca de Umbanda Espíritos de elevada estirpe espiritual, confundidos entre Caboclos, Pretos-Velhos, Índios ou Negros, originários de varias tribos africanas. Porventura, Jesus não prometeu: “Quando dois ou mais reunirem-se em meu nome, ali eu também estarei”.
Ademais, em face da agressividade que atualmente impera no mundo pelo renascimento físico de Espíritos egressos do astral inferior para a carne, os trabalhos mediúnicos de Umbanda ajudam a atenuar a violência dessas entidades que se aglomeram sobre a crosta terráquea, tramando objetivos cruéis, satânicos e vingativos. As equipes de Caboclos, Índios e Pretos experimentados à superfície da Terra, constituem-se na corajosa defensiva em torno dos trabalhos mediúnicos de vários centros espíritas.
Sem duvida, conforme o pensamento dos kardecistas, o ideal seria doutrinar obsessores e esclarecer obsediados sem o uso da violência que, às vezes, adotam as falanges de Umbanda. Em geral, tanto a vitima como os algozes estão imantados pelo mesmo ódio do passado. E então é preciso segregar a entidade demasiadamente perversa, que ultrapassa até o seu direito de desforra, assim como no mundo não se deixa a fera circular livremente entre as criaturas humanas. Tanto aí na Terra como aqui no Espaço, o livre-arbítrio é tolhido, assim que o seu mau uso principia a ferir os direitos alheios.

Quais as deficiências atuais da Umbanda para ela enquadrar-se definitivamente no seu objetivo mediúnico e doutrinário?
Ramatis: Alhures, já explicarmos que a Umbanda ainda ressente-se de uma codificação ou seleção definitiva de seus valores autênticos, dependendo de estudos, pesquisas, debates, teses e simpósios entre os principais mentores, chefes e responsáveis por todos os Terreiros do Brasil. Também seria conveniente definir-se a posição da Umbanda, cada vez mais ocidentalizada pela penetração incessante de brancos, em contraste com os trabalhos tipo “Candomblé”, de culto deliberadamente primitivo e fetichista, fundamentado nas danças histéricas do mediunismo do negro africano.
Há de se fixar regras, cerimônias e métodos de trabalhos impreencindiveis à característica fundamental da Umbanda, como ambiente simpático à livre manifestação dos Pretos e Caboclos, mas dispensando-se tanto quanto possível o uso exagerado de apetrechos inúteis e até ridículos no serviço mediúnico e de  Magia. Justifica-se, também, a padronização das vestimentas dos cavalos e cambonos em sua cor branca, mas visando principalmente a higiene, a simplicidade, em vez da fascinação de paramentos eclesiásticos e que podem culminar na imprudência do luxo e do fausto...
... Finalmente, Umbanda pode ser aspiração ou manifestação religiosa de um estado evolutivo do vosso povo, mas perfeitamente compatível com o atual foro de civilização, sem as excentricidades dos batuques primitivos e da gritaria histérica até de madrugada. Não é prova de fidelidade nem demonstração de Espírito sacrificial, o homem participar de ritos e cantorias prolongadas que perturbam a vivencia comum dos demais seres, pois a Igreja Católica e o Protestantismo também praticam suas liturgias em horas e dias que jamais despertam protestos ou censuras.
Os negros africanos atravessavam a madrugada adentro condicionado aos ritos intermináveis e às danças histéricas, porque eles também dispunham totalmente do dia seguinte para a recuperação física através do sono prolongado. Mas o cidadão atual é um escravo do cronômetro e de mil obrigações diárias, que lhe exigem o repouso adequado para não malograr no sustento da família.
Trechos extraído do livro: Missão do Espiritismo – Psicografado por Hercílio Maes – Editora Freitas Bastos – Pelo Espírito de Ramatis.

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