Jesus é a porta e diante
dela estão todos a clamar e alguns preferem reclamar, enquanto os teólogos
discutem acaloradamente as delicias do céu, que imaginam em suas mentes febris e
os ateus tecem loas ao acaso e os materialistas reduzem tudo ao átomo e suas
subpartículas.
Todos querem abrir a
porta, alguns dizem ter a chave e prometem o paraíso a muitos sem juízo, outros
dizem que aqueles que tiverem fé na Bíblia abrirão a porta com o milagre de Deus
que garantem conhecer. O tempo passa e a porta não abre, até mesmo para aqueles
que dizem “Senhor, Senhor” em desespero e a consciência pesada. Afinal! Quem irá
abrir a porta?
Kardec tem a chave que
não pode dar a todos, apenas aqueles que souberem conquistá-la. Se eu quiser a
chave para abrir a porta e seguir Jesus, tenho que compreendê-lo e por isso
tenho que entender da ciência espiritual que me explica as Leis de Deus e sua
justiça soberana. Tenho que deixar de lado a ressurreição e aceitar a
reencarnação.
A porta é estreita de
difícil passagem e não dá para entrar com bagagens, apenas com o coração
iluminado pela razão. Com os vícios só posso entrar pela porta larga que é de
fácil acesso. Preciso fazer a reforma íntima! Fora da Caridade não há
salvação!
Alguns dizem que Jesus
não é necessário e sim secundário, pregam a razão sem coração, dizem que todos
os religiosos são carolas, que a fé na religião caducou e só a ciência tem o
caminho pra verdade. Ora! Pra que Chave se não há Porta pra
abrir!
VISÃO ESPÍRITA DO
CÉREBRO
Crânios com perfurações
feitas em vida, com sinais de cicatrização, foram encontrados em sítios que
datam de até 10.000 anos atrás. No famoso papiro cirúrgico de Edwin Smith, que
foi escrito no Egito por volta de 1.600 A.C., foram registradas as primeiras
suturas cranianas, da superfície externa do cérebro, do fluido cerebroespinal e
das pulsações intracranianas.
Na cultura ocidental no
sec. V A.C., Alcmaeon de Crotona foi o primeiro a localizar no cérebro a sede
das sensações. Para ele, os nervos ópticos, que seriam ocos, levavam a
informação ao cérebro, onde cada modalidade sensorial teriam seu próprio
território de localização. Ainda no século V A.C., Demócrito Diógenes, Platão e
Teófrasto punham no cérebro o comando das atividades corporais. Também entre os
gregos, Herófilo (335-280 A.C.) dissecou e escreveu sobre o cérebro e foi o
primeiro a descrever suas cavidades, os ventrículos cerebrais, que ele associou
com as funções mentais.
Hipócrates (460-379 A.C),
o pai da medicina, também acreditava que o cérebro era a sede da mente.
Aristóteles (384-322 A.C), divergiu de seus contemporâneos e afirmava que o
coração era o órgão do pensamento, das percepções e do sentimento, enquanto o
cérebro seria importante para a manutenção da temperatura corporal, agindo como
um agente refrigerador.
Galeno (130-200 D.C)
rejeitou as idéias de Aristóteles, argumentando que não tinha sentido acreditar
que o cérebro tivesse uma função de esfriar as paixões do coração. Nemésio (320
D.C), bispo de Emesia, na atual Síria, tomou as idéias de Galeno e baseou nos
ventrículos as faculdades intelectuais.
Só no século XVI, Andreas
Vesalius (1514-1564), autor do monumental tratado de anatomia “De Humani
Corporis Fabrica”, rompe com a teoria da localização ventricular dos processos
mentais argumentando que outros mamíferos (como o asno) têm a mesma organização
anatômica e não possuem as mesmas capacidades intelectuais. Contudo, ele
continuou a acreditar que os ventrículos cerebrais eram um local de
armazenamento dos espíritos animais, de onde eles partiam para, através dos
nervos, atingir os órgãos sensoriais ou de movimento. No século XVII os
espíritos animais ainda dominavam as funções mentais. Nesta época René Descartes
(1596-1650) escolheu o corpo pineal não propriamente como a sede da alma, mas
como o local da sua atividade.
A idéia de que “espíritos
animais” percorriam os nervos, que tinha origem nos gregos, permaneceu corrente
até o século XVIII, quando ficou demonstrada a natureza elétrica na condução
nervosa, destacando-se para isso o trabalho de Luigi Galvani (1737-1798) e, já
no século seguinte, o de Emil du Bois-Reymond
(1818-1896).
No século XIX, Theodor
Schwann (1810-1882), propôs que todo o corpo seria formado de células e em 1891
Wilhelm von waldeyer (1836-1921) cunhou o termo “neurônio” para designar a
unidade anatômica e funcional do sistema nervoso e finalmente, veio a
descoberta, por Charles Scott Sherrington (1857-1952), dos espaços existentes
nas junções entre células nervosas ou entre estas e as células musculares.
Sherrington chamou essas estruturas de “sinapses”.
Eis aí em poucas linhas
uma sinopse dos fatos mais importantes registrados na História da Neurociência.
Lamentavelmente as idéias da “escola biológica” prevaleceram e a “escola
psicológica”, espiritual e espírita ficaram relegadas ao segundo plano, daí
predominam nas conclusões sobre o assunto o ponto de vista biológico, que trás
como conseqüência o reducionismo sufocante dos cientistas materialistas e ateus.
Questões como essa levou Allan Kardec, o Codificador Espírita, a
perguntar:
“Da influência dos órgãos
se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento dos do
cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?
- Não confundais o efeito
com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora,
não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o
desenvolvimento dos órgãos.” (Questão 370 de O Livro dos
Espíritos).
O cérebro não é causa da
inteligência e sim uma conseqüência desta, pois, a inteligência é “atributo
essencial do Espírito”. Nós espíritas não somos ingênuos, por isso não
confundimos psicologismo com mediunismo, como poderemos ver neste trecho de “O
Livro dos Médiuns” na pág. 149:
“Desde que os sentidos
entram em torpor, o Espírito se desprende e pode ver longe, ou perto, aquilo que
lhe não seria possível ver com os olhos. Muito freqüentemente, tais imagens são
visões, mas também podem ser efeito das impressões que a vista de certos objetos
deixou no cérebro, que lhes conserva os vestígios, como conserva os dos sons.
Desprendido, o Espírito vê no seu próprio cérebro as impressões que aí se
fixaram como chapa daguerreotípica. A variedade e o baralhamento das impressões
formam os conjuntos estranhos e fugidios, que se apagam quase imediatamente,
ainda que se façam os maiores esforços retê-los.” *
Impressões cerebrais não
são visões espirituais, Espíritos não são produto da imaginação e muito menos,
resultado de alucinação ou seja lá o que for. A mediunidade é uma faculdade
física, mas é apenas o meio de comunicação entre os Espíritos. O papel do
cérebro no fenômeno mediúnico é essencial, como poderemos ver em uma nota de
Kardec, na pág. 232:
“Os Espíritos insistiram,
contra a nossa opinião, em incluir a escrita direta entre os fenômenos de ordem
física, pela razão, disseram eles, de que: “Os efeitos inteligentes são aqueles
para cuja produção o Espírito se serve dos materiais existentes no cérebro do
médium, o que não se dá na escrita direta. A ação do médium é aqui toda
material, ao passo que no médium escrevente, ainda que completamente mecânico, o
cérebro desempenha sempre um papel ativo.”
O cérebro é essencial no
fenômeno mediúnico inteligente, no físico não. Ainda bem que a materialização
dos Espíritos são realizadas através dos médiuns de efeitos físicos, senão
poderiam pensar os contraditores do Espiritismo que os Espíritos materializados
em nosso meio, fossem apenas resultado de um fenômeno ideoplástico, isto é, um
produto do cérebro do médium.
Na pág. 278 os Espíritos
esclarecem a importância do cérebro no processo mediúnico
inteligente:
“Assim, quando
encontramos em um médium o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua
vida atual e o seu Espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em vidas
anteriores, de natureza a nos facilitarem as comunicações, dele de preferência
nos servimos, porque com ele o fenômeno da comunicação se nos torna muito mais
fácil do que com um médium de inteligência limitada e de de escassos
conhecimentos anteriormente adquiridos.”
A moral é um poderoso
auxiliar no processo mediúnico, mas, não é tudo, pois o intelecto fornece os
meios necessários para uma boa comunicação.
E para concluir, animais
não são médiuns, nem mesmo o papagaio, como poderemos ver na pág.
304:
“Sabeis que tomamos ao
cérebro do médium os elementos necessários a dar ao nosso pensamento uma forma
que vos seja sensível e apreensível; é com auxílio dos materiais que possui, que
o médium traduz o nosso pensamento em linguagem vulgar. Ora bem! Que elementos
encontraríamos no cérebro de um animal? Tem ele ali palavras, números, letras,
sinais quaisquer, semelhantes aos que existem no homem, mesmo o menos
inteligente? Entretanto, direis, os animais compreendem o pensamento do homem,
adivinham-no até. Sim, os animais educados compreendem certos pensamentos, mas
já os vistes alguma vez reproduzi-los? Não. Deveis então concluir que os animais
não nos podem servir de intérpretes.”
* Os grifos são do
autor.
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