Gênese e Conclusão da Obra: a visão do Autor
Saiba o que disse Pietro Ubaldi sobre seu destino após o cumprimento de sua missão na Terra
Com
a Obra, o instrumento humano esgota toda a sua função. Não há,
portanto, nada a modificar, acrescentar ou retirar àquilo que já está
escrito e que permanece tal. É lógico que ele se dirija para o outro
termo com o qual se ligou, agora já definitivamente. Seria
absurdo voltar a falar em outro lugar e época, contradizendo os
princípios de harmonia e organicidade observados tão rigidamente em toda
a Obra.
A
respeito do (meu) caso, muito se falou de mediunidade. Ora, se isso é
assim, o é em forma tão diversa da comum, que chega a ser difícil
catalogá-lo sob este nome. Segundo o tipo corrente, a mediunidade é:
passiva, inconsciente, genérica. A mediunidade, em nosso caso, é, pelo
contrário: ativa, consciente, específica. Como se vê, estamos nos
antípodas. Expliquemos. Não é que neste caso o sujeito não receba. Ele
funciona como instrumento, mas de forma diferente. No caso comum o
médium adormece, abandonando-se na passividade, como instrumento cego
nas mãos de qualquer entidade espiritual que queira apossar-se dele.
Isto para que ela transmita a seu bel-prazer uma comunicação qualquer,
sem que o sensitivo possa intervir, seja como escolha autônoma da
comunicação, seja como consciência do seu conteúdo e da técnica do
fenômeno.
Em
nosso caso, ao inverso, o médium coloca-se num estado mais ativo de
superconsciência do que o normal, sabe com quem se comunica e o que lhe é
transmitido; disso assume toda a responsabilidade depois de o ter bem
compreendido e examinado. Ele coloca-se livremente neste estado
receptivo com o objetivo de executar um específico trabalho conceitual,
somente esse e não qualquer outro, para determinados fins espirituais e
não somente o de comunicar. Por fim, limita o contato e o mantém apenas
com a fonte de pensamento dele conhecida, não se submetendo a nenhuma
outra. Em nosso caso, o sensitivo não é um instrumento puramente
mecânico no nível físico, como é a mão do psicógrafo. Ele permanece no
plano mental, onde funciona como colaborador encarregado de executar a
parte mais simples da obra, que consiste em expressá-la com palavras, em
traduzi-la na forma mental própria do estágio evolutivo humano.
Encontrando-se o médium totalmente desperto e tudo controlando, esse
caso possui a vantagem de não ser possível que a sua mediunidade seja
utilizada como desabafo do subconsciente, deixando-a livre no estado de
transe com a fonte inspirativa.
O
fenômeno resulta, portanto, do concurso de várias condições:
sensibilização do sujeito por evolução; contato com a fonte de
pensamento situada num plano mais elevado; sintonização com ela;
estabilização de contato telepático, através do qual se fixa a ponte da
comunicação. Tudo isso deixa intactos e livres os dois centros de
pensamento comunicantes, cada um ficando íntegro em sua personalidade,
inconfundível, independente, sem qualquer abdicação, confusão ou mistura
de tipo mediúnico. Esta relação pode comparar-se também àquela que
existe entre mestre e discípulo. Mas, em nenhum caso, nunca uma das duas
personalidades se apossa da outra e a ela se substitui. Todavia, a
diferença de nível evolutivo não impede a aproximação e a colaboração
que se realizam sempre com o maior respeito pela personalidade do outro.
O mestre transmite e fecunda, mas não se apossa por esse fato do
discípulo, não se lhe substituindo. É lei que, quanto mais se evolui,
tanto mais se respeita, como coisa sagrada, a personalidade do próximo.
Eram
necessárias essas premissas para compreender o nosso caso. Podemos,
assim, entender como o fenômeno se produz pela conjunção de três
elementos. Então, a Obra resulta constituída pela fusão dos seguintes
termos:
1)
A fonte de pensamento, ou fonte inspirativa, ou centro irradiante, isto
é, o ponto de origem do fenômeno, o elemento positivo, ativo,
dinamizante, fecundador, iniciador do movimento, situado no plano
espiritual.
2)
O ser humano a ele subordinado, funcionando como instrumento de
recepção, mas em posição de colaborador livre e consciente que a ele se
liga por adesão espontânea para cumprir o mesmo trabalho, embora de
forma complementar.
3)
A Obra é o terceiro termo, que resulta da fusão dos dois mencionados
elementos em um mesmo circuito; é a criatura espiritual gerada da união
espiritual, o filho dela nascido, ao qual o primeiro termo deu a alma e o
segundo o corpo.
A
técnica da gênese da Obra nos mostra que ela é completa nos seus
limites estabelecidos, pelo que, uma vez chegada à sua última palavra,
ela se fecha, o fenômeno da comunicação telepática se detém, a fonte
inspirativa emudece e, tendo o seu canal exaurido a sua tarefa, a
transmissão se interrompe e se cala definitivamente. A criatura nasceu, é
agora um ser vivo a cujo organismo não se podem mais acrescentar
modificações. Ele é defendido pelas forças do Alto que reagirão contra
qualquer atentado em tal sentido. A responsabilidade e as conseqüências
recairão sobre quem o perpetrar. Com a Obra o instrumento humano esgota
toda a sua função. Não há, portanto, nada a modificar, acrescentar ou
retirai àquilo que já está escrito e que permanece tal. O seu caminho
leva agora, fatalmente, aquele instrumento para longe da Terra, na qual,
por mais de oitenta anos, sofreu e trabalhou bastante. É lógico que
ele se dirija para o outro termo com o qual se ligou, agora já
definitivamente.
Dado
que o exato escopo de todo o processo foi a criação da Obra, uma vez
alcançado, é lógico que o fenômeno deva se fechar, assim como se encerra
toda a atividade genética quando nasce a criatura que foi gerada. É
natural que, uma vez dito aquilo que se deve dizer, emudeça-se. Cessa o
trabalho inspirativo, e os dois primeiros componentes desaparecem da
cena. Resta só o seu produto no ambiente terrestre. De agora em diante, a
execução do trabalho não depende mais dos três termos - fonte,
instrumento e Obra -, mas se compõe só de dois: a Obra e o mundo.
Segue-se daí que qualquer chamada por via mediúnica será inútil, que
qualquer comunicação obtida desse modo será ilusão, um desabafo
incontrolado do subconsciente do médium, mesmo que de boa-fé. Dizemos
isto claramente neste livro para que fique escrito, a fim de evitar
qualquer equívoco.
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