A Caminho da Luz

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A intuição como método de pesquisa

A intuição como método de pesquisa

Cada realização concreta é um processo involutivo em que a unidade se ramifica no particular. Na profundeza da consciência se tocam os planos superiores, onde a idéia, antes de descer e diferenciar-se na forma concreta, é abstrata e existe em tipos simples e únicos para muitos grupos de manifestações diversas;  quanto mais subimos para o centro, tanto mais a idéia originária se faz abstrata e única, até identificar-se naquele monismo absoluto, que é Deus. Assim, a arte e a fé, a ciência e a ação não passam de diferenciações produzidas pela descida daquele mesmo e único princípio.
Estes elevados problemas de psicologia têm também uma grande importância prática, porque sua compreensão e solução revolucionam todos os rumos intelectuais e científicos de nossos tempos. Revolucionam os métodos de pesquisa científica, tanto quanto os sistemas de aquisição cultural. Para mim, o método racional analítico não passa de uma redução involutiva do método intuitivo sintético. A evolução psíquica do homem impõe a ascensão a este método mais profundo.
Estou convencido de que a solução dos problemas não se acha no exterior sensório, mas no interior intuitivo e só pode ser alcançada se nos projetarmos dentro de nós mesmos com a introspecção e não fora de nós, com a observação. Sinto que os princípios não se podem encontrar senão por visão, por uma transformação de consciência que se identifique com o fenômeno, por uma transferência do eu a um novo plano conceptual; enquanto se permanecer na dimensão atual da razão, certos problemas permanecerão insolúveis. É fato comprovado que as mais elevadas verdades, as sínteses conceptuais sempre se descobrem a golpes de gênio, isto é, de revelação por inspiração e não por análise objetiva e racional.
A audácia de minhas conclusões está no propor à ciência o método de pesquisa por inspiração noúrica como método normal, a fim de que o método da intuição complete o dedutivo experimental; estou convencido de que os conceitos já existem em forma de emanações radiantes, de correntes em expansão, e que basta captá-las. Certamente que é um método delicado e complexo. É necessário antes compreendê-lo para se saber usá-lo. Reconheço bem quanto a psique humana é imatura, na massa comum, para estas sutis operações de pensamento e minha audácia está justamente em pensar na normalização de tais métodos. Entretanto, estou certo de que o homem se acha numa grande curva de seu caminho evolutivo, que a eterna criação biológica está operando atualmente no nível psíquico e que novos métodos se impõem pela lei do meio mínimo.
Por que o método intuitivo deve limitar-se apenas às formas artísticas e poéticas? E por que não poderá existir uma nova e normal inspiração filosófica, matemática, social, moral, científica? Por que não reconheceremos que a sabedoria não se encontra nos livros, farrapos do passado, mortas cristalizações do pensamento, mas, sim, nas vivas correntes conceptuais em que palpita e em que se sustém todo o universo? E que, para saber, esse grande livro do infinito é o único que importa ser lido? E para a formação cultural, por que às longas e exaustivas vias do estudo não se preferirão as da purificação da consciência, da evolução que a conduz à dimensão superconceptual, onde a visão da verdade é espontânea? No Alto, a sabedoria é gratuita e, através de sua progressiva espiritualização, o homem adquirirá, um dia, o conhecimento por imersão em estados vibratórios e por exposição da psique às correntes noúricas.

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