Todos são
importantes
Somos iguais perante a seara, porque somos
todos iguais perante o Senhor da Seara. Deus não faz acepção de pessoas, nem de
posições e muito menos de instituições. O item 5 do capítulo XX de O Evangelho
Segundo o Espiritismo estabelece esta condição essencial: “Felizes os que
tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse e movidos apenas pela
caridade”. Emmanuel conclui a sua mensagem lembrando “que toda pessoa é
importante na edificação do Reino de Deus”.
Querer que não haja discordâncias entre os
que trabalham na divulgação e na sustentação da Doutrina seria acalentar
quimeras. Cada consciência humana, como ensina Hubert, é um ponto na correnteza
da duração. Cada um de nós está colocado num ângulo determinado do eterno fluir
da realidade. Cada qual, portanto, tem a sua maneira própria de ver as
coisas.
O
Espiritismo nos ensina que nos completamos uns aos outros pelas nossas
diferenças. Mas se diferimos nos acessórios, concordamos sempre no essencial.
Por isso mesmo a caridade – que é o amor em ação – deve eliminar as arestas do
nosso personalismo, ensinando-nos que todos somos importantes na busca e na
conquista da verdade.
Claro que não devemos concordar com tudo e
tudo aprovar em silêncio, pois a tolerância de acomodação equivale a
cumplicidade com o erro. A crítica maldosa e orgulhosa, que condena tudo o que é
feito pelos outros, é a negação da caridade. Mas ai de nós se suprimirmos a
crítica do meio espírita! Porque é ela, quando sensata e sincera, a prática da
vigilância que Jesus ensinou e Paulo exemplificou. Como utilizar o “crivo da
razão”, de que nos fala Kardec, se abdicarmos do direito de pensar, que mais do
que um direito é um supremo dever do espírito?
Quando Emmanuel diz: “Guiar-se pela
misericórdia e não pela crítica” está se referindo à crítica negativa que nasce
do orgulho e não à crítica positiva que brota espontânea e necessária do
julgamento imparcial e fraterno, objetivando corrigir e portanto ajudar. O lema
“valorizar o esforço alheio” não implica a valorização dos erros e dos enganos
do próximo, mas o reconhecimento dos esforços feitos por todos a favor da causa
comum. Todos precisamos de misericórdia, mas a misericórdia, como Deus nos
mostra em sua lei de ação e reação, não é a aprovação de erros e ilusões – e sim
a correção e o esclarecimento.
(Obra: Astronautas do Além - Chico
Xavier / J. Herculano Pires)
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