Outras construções há em que se encontra aprisionado o homem, além daquelas que lhe impedem os movimentos. O grande número de encarcerados está fora das fortalezas de pedras e grades onde apenas alguns expungem os delitos de ontem ou atuais. Expressiva parcela da Humanidade estagia em processos de regeneração moral, sob injunção carcerária de complexa variedade, não menos padecente do que aqueles que foram alcançados pela humana legislação e arrojados aos calabouços. Trânsfugas do dever, delinquentes primários ou pertinazes, criminosos diretos ou inspiradores de delitos, que passaram pela Terra, ignorados, ou aqueles que lograram menosprezar os códigos da Justiça, retornam ao proscênio carnal sob rudes penas, recuperando-se para a vida enobrecida, exercitando renovação e aprendendo equilíbrio em prisões não menos coercitivas do que as erguidas pelas leis dos povos. O remorso é um cárcere impiedoso. A paralisia constitui uma algema vigorosa. A soledade moral e afetiva significa uma cela de austera reeducação. A alienação mental corresponde a uma penitenciária lúgubre. A bacilose contagiante que exige a segregação do paciente se converte em uma detenção presidiária. A frustração perturbadora caracteriza uma cadeia em sombras. A limitação teratológica expressa uma rígida muralha que aprisiona. O pessimismo contumaz corresponde a uma alcáçova que retém o culpado. A limitação orgânica e psíquica reflete um presídio estreito e constritor. A ignorância pertinaz torna-se uma enxovia onde não luz a esperança. Prisioneiros são todos os que experimentam essas equivalentes outras condições, embora muitos deles transitem pelas avenidas e parques do mundo, em aparente liberdade. Liberdade, porém, é situação íntima, defluente das conquistas logradas a penates de sacrifício, de estudo, de realização enobrecida. Ensinou Jesus com vigor, oferecendo um conceito que dispensa qualquer retoque: “Busca a verdade e a verdade te libertará”. Onde quer que te detenhas, no processo evolutivo impostergável, busca a verdade e incorpora-a ao teu cotidiano, a fim de que paires em liberdade, sem qualquer grilhão ou cárcere que te limitem os passos ou os vôos na busca da felicidade.
Do Livro: OFERENDA, Joanna de Angelis (Espírito);
Nenhum comentário:
Postar um comentário