A cegueira da inteligência e soberba do sentimento, a arrogância é filha espúria da presunção egoísta.
Expressa-se de várias formas, asfixiando em ergástulo hediondo aquele que se lhe permite o domínio.
Quem assim se comporta sabe, de forma consciente ou não, que é portador de grande fragilidade emocional, sofrendo irrefreável medo de ser descoberto conforme realmente é e não como se apresenta, ao serem retirados os atavios do lamentável disfarce em que se esconde.
Assumindo postura arrogante, esse indivíduo afasta as pessoas que o podem desnudar, consideradas inimigas, comprazendo, na sua fatuidade, com a bajulação e as homenagens daqueles que se nutrem das migalhas que lhes atira com desprezo. ... Os fâmulos, porém, aguardam o momento de lançar-lhe na face as humilhações que sofrem sorrindo para não lhe perder o apoio...
Incapaz de perceber as sutilezas dos comportamentos psicológicos, acredita ou finge acreditar no aplauso e no apreço com que é gratificado pela corte de que se faz acompanhar, abraçando a terrível solidão de quem não é amado realmente, portanto, desconfiado, inseguro, instável emocionalmente.
A estultícia que o domina torna-o insensível às amizades reais...Quando, porém, é picado pelos alfinetes do sofrimento, que o penetram, o balão volumoso da ilusão feita de prepotência e insânia explode, descobrindo-se insignificante e supérfluo ao conjunto social, o que o torna revoltado, mais desestruturado...
Acostumou-se a ser obedecido, temido, e até mesmo odiado, o que lhe proporciona um certo mórbido prazer, porque sabe-se incapaz de despertar noutrem os sentimentos nobres da amizade legítima, do amor verdadeiro.
Tendo aprendido a negociar emoções, a comprar companhia, a possuir, despreza tudo quanto é autêntico, natural, dignificante.
Como conseqüência, a sociedade aplaude a polida hipocrisia, a gentil camaradagem destituída de interesse fraternal, em que os seus membros competem sorridentes, uns contra os outros e detestam-se amigavelmente...
Doutrina de excelsa libertação (O Espiritismo) não conive com as condutas soberbas da extravagância dos pigmeus morais, que se apresentam como gigantes vencedores.
Quando o ínclito Codificador Allan Kardec foi convocado para apresenta-lo ao mundo, o insigne sábio de Lyon teve a grandeza e a humildade de indagar aos egrégios Guias da Humanidade: - E se eu fracassar? Ao que eles responderam com a mesma lealdade: - Outro te substituirá...
De igual magnitude é a revelação de João, o batista, em relação ao Messias que ele antecipara: - É necessário que eu diminua, para que Ele cresça.
Do Livro: ESPIRITISMO E VIDA, Joanna de Angelis
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