A Caminho da Luz

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A verdadeira transformação para a verdadeira identidade

A verdadeira transformação para a verdadeira identidade
O educador recifense Paulo Freire, falando sobre “A importância do ato de ler: em três artigos que se completam”, diz-nos algo interessante, e muito verdadeiro, sobre a renovação. Diz ele que “cedo o novo fica velho se não se renovar”.

De certo, tal proposição tem um grande fundo de verdade. A Lei de Destruição, ou de Transformação, é algo natural, ela está em a natureza, e Lavoisier, em sua famosa lei, cujo enunciado filosófico ficaria conhecidíssimo, vem-nos mostrar que “na natureza nada se crea, nada se perde, tudo se transforma”.

E, de fato, vamos ver que uma Doutrina, o Espiritismo, codificada na França no século XIX, por Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec, diz-nos, em “O Livro dos Espíritos”, à pergunta 728, que “tudo se destrói para renascer e se regenerar, porque o que chamais destruição não é senão uma transformação que tem por objetivo a renovação e melhoramento dos seres vivos”.

Desse modo, transformar é um fazer necessário para o aprimoramento de tudo. E, nesse ínterim, a transformação se insere, perfeitamente, naquilo que o eu deve fazer na busca da sua real identidade. Só se consegue achar o eu real, quando o ser se transforma.

Essa metamorfose, porém, não é como muitos pretendem um processo exterior, ao contrário é uma busca interior. Esse se modificar não é sinônimo de se inserir em um contexto de mudança exterior, através de uma aprendizagem superficial de novos saberes cognitivos, mas, em realidade, de uma viagem interior, por meio de uma busca do eu primordial que guarda a verdadeira identidade do indivíduo.

Fora nesse contexto que a, já citada, Doutrina Espírita, no mesmo livro de sua codificação, igualmente, referido acima, em à pergunta 919, vem-nos advertir que o meio mais prático e eficaz de se melhorar nesta vida é seguir os conselhos de um sábio da Antigüidade que dizia “conhece-te a ti mesmo”.

Conhecer-se é, pois, a verdadeira transformação que o ser humano pode realizar nesta vida, já que ela o leva à sua verdadeira identidade que é o ser latente que jaz na raiz do seu “eu” espiritual, que está longe de sua periferia encoberta pelo seu ego. Quando isso o homem consegue fazer, ele deixa de ser o homem parcial e passa a ser o homem integral.

Contudo, tais conhecimentos não são novos. Em todas as épocas da humanidade vimos essa verdade ser levantada, com muita propriedade, por diversos sábios e por diversas filosofias do mundo.

Vejamos...

Na Grécia Antiga existia um templo em Delfos que se tornaria bastante conhecido. E, à sua entrada, existia uma inscrição que se denominava ser a “recomendação dos sete sábios antigos”, que tinha Tales de Mileto, segundo alguns, como um desses sete. Tal escritura dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. E a mesma encontraria na personalidade do grande filósofo Sócrates, que, com a sua vida, dividiria a história da filosofia, o sue grande propagador. Ser altamente evoluído, ele não cessava de recomendar as inscrições Délfica, entretanto a sua recomendação não fica, apenas, nos lábios, mas, principalmente, na sua atitude.

Ele não conseguia entender uma filosofia exterior e só achava que era possível uma filosofia embasada na vivência interior do ser. Por isso, pautava toda a sua vida, conforme as suas palavras. Fora tão coerente que a intolerância não pudera aceitar as verdades que ele trazia, fazendo com que o mesmo fosse morto com a cicuta.

Entretanto, apesar de possuir um profundo conhecimento de si mesmo, ele não cessava de se investigar, pois tinha consciência que a transformação e a busca pelo ser real são um processo contínuo. Por isso, em “Fedro”, conforme nos conta seu discípulo Platão, vamos ver Sócrates dizendo: “ainda não pude fazer plenamente o que diz a escritura délfica, por isso não acho certo investigar ninguém, enquanto preciso, ainda, investigar a mim mesmo”, “pois não são as fábulas que investigo, é a mim mesmo”.

No século VI a.C., vemos, igualmente, outro ser ilustre que dizia verdades semelhantes sobre a nossa verdadeira identidade e transformação. Trata-se de Lao-Tsé, que em seu “Tao Te Ching”, que seria uma das religiões mais antigas da China, conhecida como Taoísmo, dizia-nos, em seu poema 25, que “Nas profundezas do Insondável / Jaz o ser”. Ou, ainda, no seu poema 47, diz-nos que “Para conhecer o mundo, / Não é necessário viajar pelo mundo / O sábio atinge sabedoria / Sem viajar”.


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