"Apresse-se para fazer o bem. Se você for vagaroso, a mente, deliciando-se com a travessura, pegará você"
(Buda; Dhammapada)
Osho interpreta esta frase da seguinte forma:
""Fazer o bem significa compartilhar, amar, servir, ser compassivo. E essas são coisas que a mente miserável não pode fazer. Mas ela não dirá "não quero fazer isso", porque isso não será muito diplomático. O jeiro diplomático é "amanhã" - o adiamento.""
A mente é um burocrata.
Se você esperar, a mente vai lhe dar sugestões: "Faça isto, faça aquilo". Faça o bem imediatamente - por que esperar? Quem sabe o momento seguinte nunca virá? Este pode ser o último. Aja como se este fosse o último momento!
Aja com essa urgência, porque a morte pode surpreendê-lo a qualquer momento. Não ouça a mente. A mente pode continuar adiando essas coisas e, antes que a mente lhe permita fazer qualquer coisa, a morte já pode ter batido à sua porta.
Faça o bem, porque fazer o bem traz alegria imediatamente.
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Sobre esse mesmo assunto escreveu Humberto de Campos (sob o pseudônimo "Irmão X") um conto, através da mediunidade de Chico Xavier:
A FICHA
João Mateus, distinto pregador do Evangelho, na noite em que atingiu meio século de idade no corpo físico, depois de orar enternecidamente com os amigos, foi deitar-se para um merecido descanso.
Sonhou que alcançava as portas da Vida Espiritual e, deslumbrado com a leveza de que se via possuído, intentava alçar-se, para melhor desfrutar à excelsitude do Paraíso, quando um funcionário de Passagem Celeste se aproximou, a lembrar-lhe solícito: "João, para evitar qualquer surpresa desagradável no avanço, convém uma vista d'olhos em sua ficha...". E o viajante recebeu primoroso documento, em cuja face leu, espantadiço:
- João Mateus.
- Renascimento na Terra em 1904.
- Berço manso.
- Pais carinhosos e amigos.
- Inteligência preciosa.
- Cérebro claro.
- Instrução digna.
- Bons livros.
- Juventude folgada.
- Boa saúde.
- Invejável noção de conforto.
- Sono calmo.
- Excelente apetite.
- Seguro abrigo doméstico.
- Constante proteção espiritual.
- Nunca sofreu acidentes de importância.
- Aos 20 anos de idade, empregou-se no comércio.
- Casou-se aos 25, em regime de escravização da mulher.
- Católico romano até os 26.
- Presenciou, sem maior atenção, 672 missas.
- Aos 27 de idade, transferiu-se para as fileiras espíritas.
- Compareceu a 2.195 sessões de Espiritismo, sob a invocação de Jesus.
- Realizou 1.602 palestras e pregações doutrinárias.
- Escreve cartas e páginas comoventes.
- Notável narrador.
- Polemista cauteloso.
- Quatro filhos.
- Boa mesa em casa.
- Não encontra tempo para auxiliar os filhos na procura do Cristo.
- Efetuou 106 viagens de repouso e distração.
- Grande intolerância para com os vizinhos.
- Refratário a qualquer mudança de hábitos para a prestação de serviços aos outros.
- Nunca percebe se ofende ao próximo, através de sua conduta, mas revela extrema suscetibilidade ante a conduta alheia.
- Relaciona-se tão somente com amigos do mesmo nível.
- Sofre horror às complicações da vida social, embora destaque incessantemente o imperativo da fraternidade entre os homens.
- Sabe defender-se com esmero em qualquer problema difícil.
- Além dos recursos naturais que lhe renderam respeitável posição e expressivo reconforto doméstico, sob o constante amparo de Jesus, através de múltiplos mensageiros, conserva bens imóveis no valor de Cr$ 600.000,00 e guarda em conta de lucro particular a importância de Cr$ 302.000,00.
- Para Jesus, que o procurou na pessoa de mendigos, de necessitados e doentes, deu durante toda a vida 90 centavos.
- Pra cooperar no apostolado do Cristo, já ofereceu 12 cruzeiros em obras de assistência social.
- Débito: ..................
Quando ia ler o ítem referente às próprias dívidas, fortemente impressionado, João acordou. Era manhãzinha... À noite, bem humorado, reuniu-se aos companheiros, relatando-lhes a ocorrência.
Estava transformado, dizia.
O sonho modificara-lhe o modo de pensar. Consagrar-se-ia doravante ao trabalho mais vivo, no movimento espírita, pretendia renovar-se por dento, reuniria agora palavra e ação. Para isso, achava-se disposto a colaborar substancialmente na construção de um lar, destinado à recuperação de crianças desabrigadas que, desde muito, desejava socorrer.
A experiência daquela noite inesquecível era, decerto, um aviso precioso. E, sorridente, despediu-se dos irmãos de ideal, solicitando-lhes novo reencontro para o dia seguinte. Esperava assentar as bases da obra que se propunha levar a efeito.
Contudo, na noite imediata, quando os amigos lhe bateram à porta, vitimado por um acidente das coronárias, João Mateus estava morto.
Irmão X; Contos e Apólogos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier
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