Eu particularmente não gosto muito desse modo meloso de se falar do
Espiritismo, sempre relacionado ao amor e à caridade, mas de uma forma
um tanto jogada ao vento, dita por dizer. "Temos que amar, Temos que
perdoar, Temos que aceitar".
Temo esse "temos que", quando é
dito sem coração, somente por palavras. Me preocupa demais essa forma de
"pregação" espírita, este desejo de "conversão moral", ou ainda essas
"conveniências particulares" de uns ou outros que se arriscam a querer
domar o ser humano, sem olhar ao ser humano.
Não há muita
preocupação com o próximo, mas sim em expor ideias e algumas verdades
absolutas, que nada mais são do que achismo pessoal ou sistemas
particulares de gente sem noção.
Um Espiritismo mais limpo,
livre destas pretensões, explicado com base em Allan Kardec e com
argumentações mais concretas, menos utópicas e fantasiosas, sem dúvidas,
convenceria mais pessoas, pela simples não-intenção de convencer.
A
falta de estudos e este desejo constante de aliar Espiritismo e
Religião é o que tem promovido esta desconfiguração doutrinária e
salientado a hipocrisia e uma forma muito mal-feita de apresentar o
Espiritismo.
Julga-se mais do que se ajuda. Há mais interesse
em salientar defeitos do que em apresentar soluções e quando se tenta
isso, muitas vezes são soluções quase inatingíveis, fora da realidade da
maioria; mais desejo de palpitar na vida alheia, do que o de arregaçar
as mangas e fazer algo.
"Se você fizer isso, vai para o
Umbral", "Isso é obsessão" - é nisso o que se resume boa parte das
pregações espíritas atuais. Trouxemos o inferno e seus diabos de outras
doutrinas para o Espiritismo, mudamos o nome e boa, ficou por isso
mesmo.
Isso deverá mudar um dia, com certeza, mas se nós
ajudarmos, essa mudança poderá vir antes. Os que afirmam que tudo tem um
tempo certo de acontecer são muitas vezes preguiçosos que tem o hábito
de deixar as coisas rolarem ou egoístas que não querem se envolver com
esse tipo de problema. Realmente, as coisas acontecem muitas vezes no
momento certo, mas muitos destes momentos são gerenciados pelo próprio
ser-humano.
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer, diz o poeta.
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