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Nosso Natal
Nosso natal deve ser de reflexão, pois afinal de contas o aniversariante desceu até nós, por nossas decrepitudes mentais e morais, em nome do amor.
Nosso natal pode não ser o natal de nossos ideais. Assim justo se põe que visitemos o natal daqueles que estão menos favorecidos pela sorte.
Reencarnado, nunca tive um natal só meu, ou de meu grupo familiar. Sempre procurava aumentar minha família nesta noite tão delicada.
Jamais conheci presentes no natal. Quando mundo convidado a participar de “ceias” em locais ermos dos quais saia constrangido, pois o pouco que comia, aumentava a fome de quem me convidava.
Embora sem família no âmbito particular, em minhas andanças nas noites de natal minha “família” aumentava bastante em atitudes heroicas do servir. Já em outras noites, a solidão me assolava. Não é reclamação é apenas uma visão de meu coração.
Nunca pedi nada de natal a não ser o bem do próximo. Às vezes recebia coisas impensáveis como presente. Aceitava delicadamente, pois Jesus sabia que eu era o “destinatário” errado. Muito recebi de cestas de natal. Mas minha reflexão era simples: eu não tinha tantos estômagos para tantas cestas. Uma uva aqui outra uva ali e, pronto, a cesta era mandada para o destinatário correto, só assim entendi o que vinha a ser prece refratária.
Nunca gostei muito de lautas ceias, nem jamais me sentia confortável em faltas ceias. Às vezes me perguntava se era justo já termos saído das cavernas.
Os natais mais próximos de Jesus que eu usufruía era perto daqueles que simplesmente eram desprovidos de famílias, nos presídios, leprosários, hospitais, creches. Nestes locais costumava, via lente mental, reviver a augusta noite iluminada pelo brilho da manjedoura.
Certa vez uma criança me falou: Jesus não gosta de mim, pois não me dá presentes. Olhei para ele vi seu estado, com básica indumentária, à guisa de short e lhe disse: filho acho que ele te deu dois braços e duas pernas, para que você pudesse fazer de sua vida uma cascata de presentes. Para começar suba naquela mangueira, pegue duas mangas para nós dois, os pés descalços de Jesus. Não sei para ele, mas foi a manga mais gostosa que degluti.
Nada tinha contra as bebidas, mas me entristecia muito o excesso de etílicos consumidos no Natal. Me lembrava muito do vinagre servido a Jesus na Cruz.
Não estive lá na época, ao que me lembre, mas a noite de Belém deve ter sido linda, não tanto pelas luzes exógenas, mas pelo espargir das luzes íntimas de todos, à época.
Quando penso na manjedoura, penso que todas as riquezas do mundo só ínfimas, perante a consciência de se ser luz viva, na carne em prol de uma humanidade em tempos de barbárie moral. Se temos dificuldades de concatenar pequenas réstias de nossa consciência, imagine o que é ver a luz em verdade, dando-nos em plena consciência na matéria.
Se o natal ainda não consegue mudar o homem, triste ver que o homem tem materializado cada vez mais o natal.
O natal não está agrilhoado a um único dia, mas a uma de uma mudança profunda de fórum íntima, diariamente. Para tanto lembrar que os chamados que nos aportam, ainda, aos ouvidos são muitos e, nossas atitudes?
Quero que nosso natal seja de muita paz. Mas quero que nosso natal seja igualmente de releitura de valores de nossas almas, para exaltação profunda de nossos espíritos, não tanto pelo que representamos, mas tanto quanto pelo que sentimos, amamos e secamos de lágrimas.
Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Médium: Paulo Viotti Espírito: Nonô