A
ESTRANHA CRISE
Pelo
Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro
Mãos Unidas. Lição nº 37. Página 118.
O
mundo vem criando soluções adequadas para a generalidade das crises que o
atormentam.
A
carência do pão, em determinados distritos, é suprida, de imediato, pela
superprodução de outras faixas de terra.
Corrige-se
a inflação, podando a despesa.
O
desemprego desaparece pela improvisação de trabalho.
A
epidemia é sustada pela vacina.
Existe,
porém, uma crise estranha - e das que mais afligem os povos - francamente
inacessível à intervenção dos poderes públicos, tanto quanto aos recursos da
ciência nas conquistas modernas.
Referimo-nos
à crise da intolerância que, desde o travo de amargura, que sugere o desânimo, à
violência do ódio, que impele ao crime, vai minando as melhores reservas morais
do Planeta, com a destruição consequente de muitos dos mais belos
empreendimentos humanos.
Para
a liquidação do problema que assume tremendo vulto em todas as coletividades
terrestres, o remédio não se forma de quaisquer ingredientes políticos e
financeiros, por ser encontrado tão somente na farmácia da alma, a exprimir-se
no perdão puro e simples.
O
perdão é o único antibiótico mental suscetível de extinguir as infecções do
ressentimento no organismo do mundo.
Perdão
entre dirigentes e dirigidos, sábios e ignorantes, instrutores e aprendizes,
benevolência entre o pensamento que governa e o braço que trabalha, entre a
chefia e a subalternidade.
Consultem-se
nos foros - autênticos hospitais de relações humanas - os processos por
demandas, questões salariais, divórcios e desquites baseados na intransigência
doméstica ou na incompatibilidade de sentimentos, reclamações, indenizações e
reivindicações de toda ordem, e observe-se, para além dos tribunais de justiça,
a animosidade entre pais e filhos, a luta de classes, as greves de múltiplas
procedências, as queixas de parentela, os duelos de opinião entre a juventude e
a madureza, as divergências raciais e os conflitos de guerra, e verificaremos
que, ou nos desculpamos uns aos outros, na condição de espíritos frágeis e
endividados que ainda somos quase todos, ou a nossa agressividade acabará
expulsando a civilização dos cenários terrestres.
Eis
por que Jesus, há quase vinte séculos, nos exortou perdoarmos aos que nos
ofendam setenta vezes sete, ou melhor, quatrocentos e noventa vezes.
Tão
só nessa operação aritmética do Senhor, resolveremos a crise da intolerância,
sempre grave em todos os tempos.
Repitamos,
no entanto, que a preciosidade do perdão não se adquire nos armazéns, por que,
na essência, o perdão é uma luz que irradia, começando de nós.
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