A Caminho da Luz

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

LIVRO ,,Um olhar sobre o Reino das Sombras,,,,,,,,,,,,,,,,,

PREFÁCIO
PELO ESPÍRITO ÂNGELO INÁCIO
Sombra e luz, escuridão e claridade. Essa realidade dupla forma o interior do ser humano, que
tenta negar-se a cada dia, enganando-se. A maioria das pessoas quer ser apenas luz. Recusam-se a
identificar a sombra que faz parte delas.
Religiosos de um modo geral falam de um lado sombrio, diabólico,
umbralino, como se esse lado escuro fosse algo externo, ruim, execrável. Até quando negar a
realidade íntima? Até quando adiar o conhecimento do mundo interno? Várias tentativas foram realizadas
para conscientizar o homem terreno de que as chamadas trevas exteriores são apenas o reflexo do
que existe dentro dele.
Luz e sombra são aspectos internos do ser e não representam necessariamente um lado ruim e
outro bom. A sombra não é pior do que a luz. Apenas faz parte de um equilíbrio universal ainda necessário
para a visão do homem terrestre. São dois pólos de uma verdade interna, mais profunda.
A sombra representa um aspecto transitório, porém necessário para o ser reavaliar-se ante os
apelos da vida e as lutas que o fizeram ser o que é. Essa transitoriedade em qualquer plano da vida é
uma etapa de aprendizado, adaptação, revisão dos valores adquiridos em lutas e desafios na grande
jornada interna, pessoal, íntima. Portanto, viver esse lado de forma mais plena, conhecer-se mais profundamente,
enfrentar-se sem mascarar-se talvez seja um caminho mais excelente — parafraseando o
apóstolo Paulo — do que aquele que as religiões do mundo vêm oferecendo e que se reflete em fugas
da realidade.
Quando é proposta a realização de uma excursão aos domínios das sombras, espera-se que haja
coragem para admitir que esse reino obscuro tem sua raiz dentro do próprio ser humano. Ele não existe
à parte ou em separado. É preciso reconhecer que a natureza do plano astral, da paisagem extrafísica é
apenas a exteriorização do mundo íntimo de cada um. Dessa forma, não há como descortinar a realidade
do astral inferior sem enfrentar-se, sem encontrar a si mesmo, em seu lado sombra, escuro e muitas
vezes renegado.
Esse mundo de trevas e escuridão é algo muito enraizado no ser humano; não é realidade extrahumana,
mas intra-humana. Se você evita conhecer-se, rejeitando que é simultaneamente sombra e luz,
não há razão para prosseguir nesta jornada de descobrimento interno.
Adentrar o umbral ou o astral é se obrigar a penetrar na própria sombra. Conhecer as estruturas
internas das falanges do mal é, sobretudo, conhecer a própria capacidade de esparzir escuridão em si e
em torno de si. Descer aos domínios das trevas e tomar conhecimento de seus métodos, de suas falanges,
de sua força talvez seja uma forma de se revelar — trazer à consciência a própria realidade. Admitir-
se, sem culpas e sem máscaras.
O passado humano é fixo e dependente de conceitos religiosos deturpados e castradores, que foram
amplamente difundidos e ainda estão arraigados no psiquismo, mesmo naqueles que afirmam rechaçar
atualmente qualquer crença. Isso faz com que o ser humano, principalmente aquele mais apegado
às questões religiosas, negue a verdade de sua sombra. Para muita gente, somos apenas luz. Quem
sabe tal atitude seja uma tentativa de multiplicar as máscaras que trazemos incrustadas na face do espírito?
Devido ao passado de ignorância, alimentada pela religião secular, ortodoxa e detentora do monopólio
cultural, infundiram-se no ser humano certos símbolos das sombras, que representam conceitos


moralistas de erro, pecado e desequilíbrio. São mecanismos que agem nas matrizes do pensamento, no
inconsciente1 .
Muitas pessoas, ao adentrar o mundo além da matéria, quer estejam desdobradas em espírito2,
quer através dos portais da morte, ficam inquietas e sentem-se prisioneiras de uma realidade tão implacável
que temem ou julgam haver sido injustiçadas. Dizem-se inteiramente boas, sem nenhuma sombra
moral ou ética que as possa comprometer; com freqüência, nesses momentos, declaram-se detentoras
de qualidades e virtudes prodigiosas. Mas a vida além do corpo é apenas uma extensão da vida interna
da alma. A estrutura e a organização das legiões do mal precisam ser visualizadas, conhecidas e pesquisadas
sem que nos escondamos por trás de máscaras de religiosidade ultrapassada. Afinal, toda relação
no universo se estabejece em bases de sintonia.
Convido-o a mergulhar comigo neste mundo além das aparências, muito além de sua bondade e
superlativa espiritualidade. Mas, coragem! É possível que no final dessa experiência descubra que o
mundo no qual imergimos não está simplesmente além das fronteiras da matéria, do corpo físico; poderá
estar também dentro de você, avançando sobre conceitos religiosos que mascaram sua vida e suas
sombras.
Penetre comigo nesse mundo das trevas, das sombras, conhecendo um pouco das legiões do mal.
Jamais se esqueça, porém, de que mal ou bem, trevas ou luz, sombra ou claridade fazem parte de você,
de mim, do universo.
Visitar o umbral ou estagiar nas regiões sombrias não representa necessariamente atraso espiritual
ou moral; muito pelo contrário. Lá é que se encontram, inclusive, os espíritos realmente iluminados e
abnegados, que renunciam às paragens celestes — seu habitat verdadeiro — para se localizar onde impera
o clamor daqueles que sofrem. Para a decepção dos que adotam idéias místicas e fantasiosas, "o
céu está vazio", como costumamos dizer por aqui.
Portanto, a jornada que ora se inicia pode representar muito para seu crescimento. Espero que
aquele que tem um compromisso mais intenso com os trabalhos espirituais possa apreciar em grau
muito maior aquilo que transcende as palavras deste livro, que está por trás das letras. Para esse leitor,
que é uma espécie de iniciado, eis aqui bem mais do que um livro com características semelhantes às
de um romance. É preparo para algo que, em breve, virá como alerta e alternativa para os povos da
Terra.
Belo Horizonte, MG, junho de 2006.
1 O próprio Allan Kardec, codificador do espiritismo, em diversos momentos alertou sobre as conseqüências nefastas da
religião quando vista e difundida sob o ângulo do dogmatismo, responsabilizando os adeptos que assim procedem até mesmo
pela incredulidade alheia: "A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da
maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se
deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século [séc. XIX], tanto
assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende imporse,
exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente
contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo
provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé raciocinada, por se apoiar nos
fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque
compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da
Humanidade" (KARDEC, Alian. O Evangelho segundo o espiritismo, ed. FEB, 1944).
2 Conforme demonstra o espiritismo, é cotidiano observar o ser humano em atuação na dimensão extrafísica, enquanto
o corpo repousa, seja durante o sono ou não. Na atualidade, convencionou-se denominar esse estado como desdobramento
e quem está a ele submetido, desdobrado em espírito ou simplesmente desdobrado. Essa expressão será corrente
neste livro. (Saiba mais em KARDEC, Alian. O livro dos espíritos, parte n, cap. 8: Da emancipação da alma, especialmente
item 401 e seguintes. Diversas editoras.) É o mesmo que, em algumas outras denominações religiosas, identifica-se como
arrebatamento do espírito, que é a terminologia própria da Bíblia, verificada, por exemplo, no livro Apocalipse, de João
(ver Ap 1:9-10).

PALAVRAS DO MÉDIUM
POR ROBSON PINHEIRO
"Nunca lhe disse que seria fácil. Disse-lhe apenas que compensava."
Essas palavras, escritas por Everilda Batista, minha mãe, como conclusão de uma carta transmitida
pela mediunidade do saudoso Chico Xavier, em 1989, ainda hoje ressoam em minha alma. Agora,
porém, imerso na produção do livro Legião, elas ganham novo sentido e passam a ter uma importância
e um alcance muito mais profundos do que naquele dia em que as recebi das mãos do grande médium
de Uberaba.
Nenhum livro por mim psicografado foi produzido de forma tranqüila, serena e sem desafios.
Este livro jamais seria diferente.
Em meio a intenso ataque energético levado a efeito por certas entidades — embora sempre estivesse
amparado pelos benfeitores espirituais e pelo carinho dos companheiros de caminhada —, Ângelo
Inácio, o autor espiritual, procedeu à escrita do livro. Naturalmente você entenderá, caro leitor,
que um trabalho com este conteúdo não poderia passar despercebido por aqueles que não desejam o
progresso da humanidade.
Experimentando as dores de um período pós-cirúrgico complicadíssimo, eu ainda não conseguia
sentar-me. Todos os dias, deitado de bruços e muitas vezes com lágrimas nos olhos e um aperto tremendo
no coração, observava Ângelo Inácio, Joseph Gleber e Zarthú se achegando para amenizar as
dores através da psicografia. Na verdade, não havia propriamente diminuição das dores sentidas por
mim. Contudo, o fato de estar circundado pelos mentores, pelas imagens, experimentando os desdobramentos
conscientes e todas as emoções com as quais convivi durante os dois meses de psicografia,
acabou por amenizar a situação incômoda, que, aliás, perdura até o momento em que escrevo este
texto. Legião é, portanto, fruto de um parto espiritual, do qual participaram ativamente várias pessoas,
que trago para sempre na memória do meu coração.
Todo o conteúdo do livro foi sorvido e apreciado por mim e pela equipe de trabalho, tanto da
Casa dos Espíritos Editora quanto da Sociedade Espírita Everilda Batista, instituições irmãs. Mergulhamos
no projeto, de corpo e alma, durante todo o tempo da produção mediúnica, com intensidade e
dedicação incomparáveis. Na Casa dos Espíritos, o livro não é simplesmente recebido das mãos dos
benfeitores, sem maior envolvimento. Na Sociedade Espírita Everilda Batista, o grupo de médiuns participa
do aprendizado que encerra cada detalhe da narrativa. À medida que o livro é psicografado, ambas
as equipes vivenciam, como eu, os lances ali descritos, como se fosse necessária sua assimilação
por parte de cada um, no âmbito que lhe é peculiar, antes de levar o livro a público.
Sobre essa característica singular de nossa atividade, lembro-me ainda hoje das palavras do amigo
Joseph Gleber, dirigidas a mim quando psicografei Medicina da alma, meu (e dele) segundo livro a
ser lançado: "Terá que experimentar todo o conteúdo do livro em si mesmo, senão eu me envergonharia,
do lado de cá, de ter um médium que não provou o valor do próprio trabalho". Na época, quando o
livro dava entrada na gráfica, eu adentrava o cri, vítima de uma infecção que acabaria por me deixar 19
dias em coma e 30 quilos mais magro. Lá se vão quase 10 anos e mais 16 filhos — perdão, livros —
desde o longínquo mês de abril de 1997...
Quero deixar aqui registradas apenas as emoções, os sentimentos e a profunda gratidão aos espíritos
amigos, que têm demonstrado sua fidelidade incondicional à proposta de Allan Kardec e do Espírito
Verdade.
Embora os momentos desafiadores, somente conhecidos por mim e por aqueles mais íntimos que
me acompanham, devo a esses representantes do Pai o amparo e a assistência, que nunca me faltaram,
para o enfrentamento das graves questões que emergem diariamente, de dentro de mim, e que deman    dam tempo para ser solucionadas plenamente. À minha mãe e benfeitora Everilda Batista, meu carinho
pelo auxílio silencioso, porém perceptível, durante a psicografia de Legião.
Eis aqui o fruto de uma parceria com o plano espiritual que apresento a você, na esperança de que
lhe seja útil para reflexão e para ampliar sua visão a respeito da vida que prossegue além da vida.
Belo Horizonte, MG, agosto de 2006.

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