A Caminho da Luz

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

“EU" CONTRA "EU"

EU" CONTRA "EU" 

Quando o HOMEM, ainda jovem, 
desejou cometer o primeiro desatino, 
aproximou-se o Bom-Senso e 
observou-lhe: 
¾  Detém-te! Por que te confias assim 
ao mal? 
O interpelado, porém, respondeu 
orgulhoso: 
¾  Eu quero. 
Passando, mais adiante, à condição 
de perdulário e adotando a 
extravagância e a loucura por normas 
de viver, apareceu a Ponderação e 
aconselhou-o: 
¾  Pára! Por que te consagras, desse 
modo, ao gasto inconsequente? 
Ele, contudo, esclareceu, jactancioso: 
¾  Eu posso. 
Mais, tarde, mobilizando os outros, a 
serviço da própria insensatez, recebeu 
a visita da Humildade, que lhe rogou 
piedosa: 
¾  Reflete! Por que não te compadeces 
dos mais fracos e dos mais ignorantes? 
O infeliz, todavia, redargüiu, colérico: 
¾  Eu mando. 
Absorvendo imensos recursos, 
inutilmente, quando podia beneficiar a 
coletividade, abeirou-se dele o Amor e 
pediu: 
¾  Modifica-te! Sê caridoso! Como podes 
reter o rio das oportunidades sem 
socorrer o campo das necessidades 
alheias? 
E o mísero informou: 
¾  Eu ordeno. 
Praticando atos condenáveis que o 
levaram ao pelourinho da desaprovação 
pública, a Justiça acercou-se dele a 
recomendar: 
¾  Não prossigas! Não te dói ferir tanta 
gente? 
O infortunado, entretanto, acentuou 
implacável: 
¾  Eu exijo. 
E assim viveu o Homem, acreditando- 
se o centro do Universo, reclamando, 
oprimindo e dominando, sem ouvir as 
sugestões das virtudes que iluminam 
a Terra, até que um dia, a Morte o 
procurou e lhe impôs a entrega do 
corpo físico. O desditoso entendendo 
a gravidade do acontecimento, 
prosternou-se diante dela e considerou: 
¾  Morte, por que me buscas? ¾  Eu quero - disse ela. ¾  Por que me constranges a aceitar-te? 
  gemeu triste. 
¾  Eu posso - retrucou a visitante. ¾  Como podes atacar-me desse modo? ¾  Eu mando. ¾  Que poderes te movem? ¾  Eu ordeno. ¾  Defender-me-ei contra ti — clamou o 
Homem, desesperado — duelarei e 
receberás a minha maldição!... 
Mas a Morte sorriu, imperturbável, e 
afirmou: 
¾  Eu exijo. 
E, na luta do "eu" contra "eu", conduziu-o 
à casa da Verdade, para maiores lições.
Irmão X

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