LEI
DE LIBERDADE
Tem
o homem o livre-arbítrio de seus atos?
"Pois
que tem a liberdade de pensar, tem também
a
de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria
máquina."
Livro dos Espíritos, questão 843
A
Liberdade é condição essencial do homem sobre a Terra. É um dom preter-natural,
ou seja foi forjado juntamente com o espírito pela mãos divinas. Imagem e
Semelhança refere-se principalmente à esta faceta humana, ser livre. Essa
condição natural é tratada no capítulo X da terceira parte de "O Livro dos
Espíritos". Somos livres enquanto dotados de livre-arbítrio, mas a vida em
sociedade nos impõe as limitações necessárias ao abuso, a ganância e ao
totalitarismo.
A
primeira forma de Legislação veio a Terra por meio da mediunidade de Moisés, no
momento em que o povo hebreu após quatro séculos de servidão no Egito, ansiou e
arriscou-se na jornada em busca da Liberdade. A liberdade é então um marco na
nossa história. Foi a sua busca que nos proporcionou a recepção da primeira
Revelação de Deus ao mundo. Moisés legislava e o povo lhe obedecia, sustentado
pela promessa divina. Deixou o povo judeu no Egito, pequenas propriedade, alguma
posse material, alguns animais. E visando um sonho contido em profecias de seu
povo, trocaram a estabilidade mesquinha da terra da servidão, pela instabilidade
promissora da terra prometida. Trocaram a mediocridade pela oportunidade,
arriscaram tudo por uma promessa. Saíram do Egito, como Abrhão havia deixado a
Caldéia, apenas com uma promessa divina de uma Terra dadivosa. Durante essa
prolongada e tormentosa travessia, alguns tiveram saudade da servidão e dos
velhos ídolos do imediatismo e da idolatria, mas Moisés foi enérgico e proibiu
entre eles práticas que recordassem o período em que eram escravos, em que não
tinham dignidade, em que não eram homens. Não há preço para a Liberdade. Todos
os povos a almejam em todas as épocas da humanidade. Todos os povos submetidos
ao imperialismo rebelaram-se e nesse particular, a Epopéia judaica da travessia
do Mar Vermelho é incomparável. Erich Fromm refere-se ao Medo à Liberdade, que é
o mesmo do pássaro que nasce no cativeiro e não sabe deixar a gaiola se aberta,
e se deixá-la fenece.
Do
sonho de Liberdade dos judeus, nasceu a Revelação. Apenas o anseio de liberdade
poderia temperar o espírito do ser humano para compreender a Lei de Deus. Ali
está o código sintético da Ética na Terra. Em primeiro lugar, Reverência à Deus
e ao Seu nome. A seguir, reverência aos nossos progenitores, honrando o seu nome
e a sua memória durante toda a nossa vida. E então, uma série de proibições, de
limitações à nossa ação que longe de ser restrição à liberdade, são uma educação
para ela. Sim, por que a questão 826 nos explica que apenas o eremita no deserto
não deve seguir regras. Se estamos em Sociedade há que se respeitar a vida em
comum e a nossa natureza de filhos de Deus. O decálogo é a síntese perfeita da
ética na Terra. Segui-lo é o primeiro passo para se alcançar a Liberdade plena.
Por isso não há como fugir da necessidade de educação. Por isso que Allan Kardec
nos deixou a frase lapidar de O Espírito de Verdade: "Espíritas: Amai-vos! Eis o
primeiro mandamento. Instruí-vos, eis o segundo!"
Instruir-se
é conquistar cada vez mais a liberdade. É necessário conhecer a Lei.
"Conhecereis a Verdade e esta vos converterá em homens livres"! Jesus expressou
com perfeição, aprender a Lei é libertar-se!
A
codificação espírita tem o grande mérito de embasar-se na razão! É através da
celebração dos postulados cristãos, que os internalizaremos em nossas
consciências. Estamos há dois milênios aprendendo com o coração. Agora o cérebro
precisa aprender apensar com a lógica cristã. É necessário que racionalizemos a
nossa Fé para que os edifícios construídos a partir dela, não continuem a ruir
como tem sido com as construções espirituais ao logo destes vinte séculos de
mensagem cristã.
Somos
espíritos em evolução, em passagem. A Fatalidade da Lei só é real para a
determinação de nossa morte. Todos os outros momentos de nossa vida que
aparentam fatalismo, são na verdade efeitos de ações por nós perpetradas no
passado. Livremente agimos e havemos de colher os frutos que conscientemente
semeamos. Disse-nos Paulo de Tarso:
Não
vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá.
Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do
Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo colheremos, se não relaxarmos. Gl 6:7-9
Arremessamos
livremente dardos em nosso passado cujas trajetórias compõem hoje o que chamamos
destino, mas que são apenas as conseqüências das nossas ações conscientes.
Expiações
e Provas são momentos específicos de nossa vida. No primeiro momento somos
constrangidos a parar de errar pelas limitações físicas e mentais impostas pela
Lei de Causa e Efeito, Ação e Reação ou Carma. No segundo momento estamos já
amadurecidos, e instruídos para participar da Prova, dos testes. Na hora da
prova, não há como pedir explicação. É a hora do julgamento, do juízo. Somos
sustentados na hora da expiação, somos preparados para a hora da provação, mas
não podemos pedir a ninguém para passar pelas nossas provas ou não podemos
sofrê-las por ninguém. A cada um conforma as suas obras. O grande objetivo de
Deus é a reparação.
Somos
confrontados, pelas provações com as nossas tendências erradas, mas ao vencê-las
com o exercício repetido da reencarnação, vencemos e trocamos os círculos
viciosos de outrora, pelos círculos virtuosos da liberdade.
Santo
Agostinho, revela em suas Confissões que roubava, na infância, as maçãs dos
vizinhos, que havia em seu próprio pomar, apenas pelo prazer de pecar. A
sublimação de seus instintos levou-o a descobrir o Prazer de Não Pecar.
Essa
é a verdadeira Liberdade. Esse é o escopo de nossa vida!
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