A Caminho da Luz

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Evolucao e Finalidade da alma - Léon Denis /fe/imortalidade

A alma, dissemos, vem de Deus; é, em nós, o princípio da inteligênciae da vida. Essência misteriosa, escapa à análise, como tudo quanto dimana do Absoluto. Criada por amor, criada para amar, tao mesquinha que pode ser encerrada numa forma acanhada e frágil, tao grande que, com um impulso do seu pensamento, abrange o Infinito, a alma é uma partícula da essência divina projetada no mundo material.

Desde a hora em que caiu na matéria, qual foi o caminho que seguiu para remontar até ao ponto atual da sua carreira? Precisou de passar vias escuras, revestir formas, animar organismos que deixava ao sair de cada existência, como se faz com o vestuário inútil. Todos estes corpos de carne pereceram, o sopro dos destinos despersou-lhes as cinzas, mas a alma persiste e permanece na sua perpetuidade, prossegue sua marcha ascendente, percorre as inumeráveis estacoes da sua viagem e dirige-se para um fim grande e apetecível, um fim que é a perfeicao.

A alma contém, no estado virtual, todo os germens dos seus desenvolvimentos futuros. É destinada a conhecer, adquirir e possuir tudo. Como pois, poderia ela conseguir tudo isso numa única existência? A vida é curta e longe está a perfeicao! Poderia a alma, numa vida única, desenvolver o seu entendimento, esclarecer a razao, fortificar a consciência, assimilar todos os elementos da sabedoria, da santidade, do gênio? Para realizar os seus fins, tem de percorrer, no tempo e no espaco, um campo sem limites. É passado por inúmeras transformacoes, no fim de milhares de séculos, que o mineral grosseiro se converte em diamente puro, refratando mil cintilacoes. Sucede o mesmo com a alma humana.

O Objetivo da evolucao, a razao de ser da vida nao é a felicidade terrestre, como muitos erradamente crêem, mas o aperfeicoamento de cada um de nós, e esse aperfeicoamento devemos realizá-lo por meio do trabalho, do esforco, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste. Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento por excelência da educacao e do progresso, um estimulante para o ser , que sem ele, ficaria retardado nas vias da sensualidade. A dor, física e moral, forma a nossa experiência. A sabedoria é o prêmio.

Pouco a pouco a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, nao tarda a ligar-se por lacos pujantes às sociedades do Espaco e depois ao Ser Universal.

Assim a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se o arquivo do seu destino. O seu adiantamento é obra sua. Nenhuma fatalidade o oprime, salvo a dos próprios atos, cujas consequencias nele recaem; mas, nao pode desenvolver-se e medrar senao na vida coletiva com o recurso de cada um e em proveito de todos. Quanto mais sobe, tanto mais se sente viver e sofrer em todos e por todos. Na necessidade de se elevar a si mesmo, atrai a si, para fazê-los chegar ao estado espiritual, todos os seres humanos que povoam os mundos onde viveram. Quer fazer por eles o que por ele fizeram os seus irmaos mais velhos, os grandes Espíritos que o guiaram na sua marcha.

A Lei de justica requer que, por sua vez, sejam emancipadas, libertadas da vida inferior todas as almas. Todo ser que chega à plenitude da consciência deve trabalhar para preparar aos seus irmaos uma vida suportável, um estado social que só comporte a soma de males inevitáveis. Esses males, necessários ao funcionamento da lei de educacao geral, nunca deixarao de existir em nosso mundo, representam uma das condicoes da vida terrestre. A matéria é o obstáculo útil; provoca o esforco e desenvolve a vontade; contribui para a ascensao dos seres, impondo-lhes necessidades que os obrigam a trabalhar. Como, sem a dor, havíamos de conhecer a alegria; sem a sombra, apreciar a luz; sem a privacao, saborear o bem adquirido, a satisfacao alcancada? Eis aqui a razao por que encontramos dificuldades de toda sorte em nós e em volta de nós.


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