NA LIDE ESPIRITUAL
Enquanto
buscais a revelação da verdade, em nossa companhia, procuramos convosco o
auxílio fraterno para fazer mais luz, no engrandecimento comum.
Não
duvideis. O Espiritismo não traz apenas o adocicado conteúdo da consolação
particular, nos círculos do estímulo ao bem, acentuando o socorro celeste à
personalidade humana. Abre-nos infinita esfera de serviço, em cujas atividades
não podemos prescindir do apoio recíproco, no crescimento da renovação.
Nos
alicerces do edifício doutrinário, compreendíamos a curiosidade e o
deslumbramento, acima da responsabilidade e do dever, mas agora que nos
abeiramos do primeiro centenário da Codificação Kardequiana, é imperioso
reconhecer a necessidade de introspecção, a fim de que não percamos de vista os
sagrados objetivos que nos reúnem.
Nossas
linhas de ação se interpenetram com identidade de obrigações para todos. E nós
outros, os desencarnados, não desempenhamos a função de mordomos especiais ou de
mensageiros privilegiados, diante de Jesus. Somos simplesmente vossos
companheiros, constituindo convosco o exército pacífico de trabalhadores,
convocados ao reajustamento espiritual da Humanidade.
À
frente dos nossos olhos se desdobram enormes contingentes de luta benemérita,
aguardando-nos a boa vontade, na difusão da nova luz.
A
superstição levanta fortaleza de sombra, os dogmas cristalizam os impulsos
embrionários da fé e a indiferença congela preciosas oportunidades de
desenvolvimento e santificação, em toda parte.
É
indispensável que nosso espírito de fraternidade se manifeste, restabelecendo a
verdade através do amor e reestruturando os caminhos da fé por intermédio das
obras edificantes.
Não
há tarefas maiores. Todas são grandes pela essência divina que expressam.
O
fio d’água que flui ignorado da vertente dum abismo regenera o deserto de vasta
extensão. Um gesto humilde opera milagres de solidariedade. Uma simples palavra
costuma apagar o incêndio emotivo, prestes a converter-se em conflito
integral.
Há
missões salvadoras que se dirigem ao mundo inteiro, ao lado de outras que se
circunscrevem a uma raça ou a uma comunidade linguística. Observamos tarefas que
abrangem uma nação ou que se limitam a determinado grupo de indivíduos, num lar,
numa oficina ou numa instituição.
Em
todos os lugares, precisamos solucionar problemas, corrigir deficiências e
restaurar as bases simples da vida. Por isso mesmo, o nosso ministério, antes de
tudo, é o da renovação mental do mundo, sob a inspiração do “amai-vos uns aos
outros”, (Jo) segundo o padrão do Mestre que se consagrou à nossa elevação, até
à Cruz.
Por
enquanto, nem todos entenderão a nossa mensagem. Milhões de companheiros dormem
ainda, anestesiados nos templos de pedra ou narcotizados pelos filtros da
ignorância, que em todos os tempos procura concentrar sobre si as vantagens
materiais do mundo inteiro, com desvairado esquecimento da própria alma.
Seremos
defrontados pelas arremetidas da sombra, pelas ciladas sutis do mal, pelos
grilhões do ódio, pelo venenoso visco da discórdia e pelos tóxicos da
incompreensão; entretanto, o nosso programa fundamental permanece traçado na
revivescência do Evangelho Redentor. Nosso esforço primordial se movimenta na
renovação das causas, a fim de que o campo de efeitos se modifique para o bem.
Somos trabalhadores, dentro da selva compacta de nossos próprios erros, onde
encontramos a soma total dos nossos enganos e compromissos de todos os séculos,
lutando, retificando, sofrendo, aprendendo, burilando e aperfeiçoando, no rumo
do porvir regenerado. Velhos padecentes dos choques de retorno, cabe-nos agir
constantemente, à claridade purificadora da Boa-Nova, renovando a sementeira de
espiritualidade no presente, construindo a glorificação do nosso próprio
futuro.
Compreendemos
a função do fenômeno a serviço do esclarecimento individual e coletivo, contudo,
acima dele, apontamos a necessidade de mãos operosas e serenas na extensão do
bem salvador.
A
hora é de concretização dos nossos princípios superiores, de materialização
objetiva das mensagens de fraternidade que a nossa confortadora Doutrina oferece
em todas as direções.
Coloquemos
o plano externo na posição secundária que lhe compete, devolvendo ao espírito o
justo destaque e a importância imperecível que a vida lhe outorga.
Cabe-nos
gerar novas causas de sublimação na vida pública, no trabalho consuetudinário,
no jardim doméstico e no templo vivo dos corações.
Colaborar
com Jesus é o nosso dever essencial, plasmando o Evangelho nos pensamentos,
palavras e atos da vida, em todos os recantos de nossa marcha para a frente,
para que o Espiritismo não se faça mero mostruário de verbalismo fascinante;
reduzi-lo a mecanismo de simples investigação ou a florilégio literário seria
transformar o nosso movimento bendito de ideias e realizações edificantes num
parque de assombrações técnicas, de êxtase inoperante ou de personalismo ocioso
e improdutivo.
A
atualidade é para nós, portanto, de serviço avançado, não só nas manifestações
da inteligência, mas também nas criações do sentimento com as tarefas da
educação, da assistência, da solidariedade e da compreensão, no apostolado do
amor.
Na
lide espiritual, desse modo, não existem prerrogativas para qualquer de nós. O
único privilégio de que desfrutamos é o de trabalhar sem recompensa, de auxiliar
sem distinção e aprender sempre, procurando em nosso aprimoramento próprio o
aperfeiçoamento da Humanidade inteira.
Eis
porque, enquanto buscais a verdade em nossas palavras, procuramos o trabalho em
vossas mãos.
Em
sagrado conjunto de fraternidade, somos os instrumentos do Amigo Celestial que
prometeu auxiliar-nos até ao “fim dos séculos”.
Resta-nos,
pois, rogar a Ele que nos ensine a atingir convicções sadias e a clarear os
nossos ideais, a fim de que não estejamos tão somente a crer e a confortar-nos,
mas também a servir incessantemente na edificação do Iluminado e Eterno Reino do
Amor.
Emmanuel
(espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz
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Livro: Doutrina de Luz
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ESPIRITISMO
E EVANGELHO
Decididamente,
o Espiritismo é o movimento libertador das consciências em sua gloriosa tarefa
de reestruturar o mundo.
A
princípio, a ciência experimentou. Em seguida, a filosofia codificou-lhe os
princípios.
Agora,
porém, urge cristianizar-lhe os princípios.
Não
basta desvelar o horizonte, nem doutrinar a multidão para a grande jornada. É
imperioso traçar um roteiro de trabalho e cumpri-lo, para que não alcancemos a
eminência do monte, desconhecendo a luz e a grandeza do serviço que nos cabe
desenvolver, junto dela.
Eis
porque, na curva descendente da civilização em que vivemos, clamamos pelo
cultivo da Sementeira Divina do próprio homem, para que se lhe desate no coração
a sagrada herança de amor e sabedoria.
A
hora é naturalmente grave pelas nuvens de incompreensão que turvam os dias
porvindouros.
Não
nos cansaremos de repetir a advertência, porque o sábio da desintegração atômica
ainda se acha envenenado pelo vírus da hegemonia política; a inteligência que se
eleva com asas metálicas à imensidão do firmamento estuda os processos mais
eficazes de operar a destruição em baixo, e o raciocínio que escreve páginas
comovedoras nem sempre se levanta para o idealismo superior.
Antigamente,
o laboratório poderia pesquisar sozinho, e a academia justificava a
exclusividade do ministério da discussão. Hoje, contudo, meus amigos, a Doutrina
Consoladora exige a aliança de todos os valores para que o cérebro e o coração
permaneçam a serviço do Cristo, na obra da fraternidade e da paz.
Em
verdade, nenhum de vós outros alegará desconhecimento, com respeito às
tempestades renovadoras que se aproximam. Ninguém pode prever o curso da negra
torrente do ódio e da incompreensão no Planeta, em face do movimento
apocalíptico que se esboça nos caminhos do mundo…
Em
razão disso, a meditação com aproveitamento das horas, na construção dos
alicerces do Terceiro Milênio, constitui imperativo fundamental do esforço
moderno em todos os bastidores espiritualistas da atualidade.
É
necessário estender mais luz em derredor da senda humana.
O
Espiritismo descortina.
O
Evangelho, contudo, orienta.
O
Espiritismo informa.
O
Evangelho, todavia, ilumina.
O
Espiritismo entusiasma.
O
Evangelho, porém, santifica.
O
Espiritismo leciona.
O
Evangelho, no entanto, define.
É
imperioso enfrentar o problema de nossa própria luta regenerativa para que a
renovação interior se processe segura e definitiva.
Nos
primórdios da Causa, era natural que a pergunta sistematizada e o conflito
verbal dominassem as fontes da revelação, mas nos tempos que correm é
imprescindível que o manancial do bem dimane cristalino do centro de nós mesmos
a beneficio do mundo.
Antes
do conhecimento iluminativo, compreendia-se o impulso com que nos abeirávamos do
Plano Superior, sentindo-nos famintos da graça e esperando que o Senhor no-la
dispensasse, à maneira de um rei terrestre em sua carruagem de púrpura e flores,
cercada de mendigos.
Entretanto,
nos dias abençoados que vos assinalam a experiência purificadora, é
indispensável preparar a acústica, do ser, para que ouçamos a voz do Céu, que
nos pede o coração de modo a consagrá-lo ao serviço redentor da Humanidade.
Assim,
pois, meus amigos, indagando ou ensinando, crendo ou investigando, estudando ou
discutindo, não nos esqueçamos, em Jesus, da religião do sacrifício, com a
inteligência evangelizada, convertendo as nossas mãos pelo trabalho incessante,
na fraternidade e na sublimação do mundo, em asas de sabedoria e de amor para a
Vida Imortal.
Emmanuel
(espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz
Livro: Doutrina de Luz
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PERANTE
A CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA
A
Codificação Kardequiana orienta o homem para o “construir-se”, de dentro para
fora. Com semelhante afirmativa numerosas legendas repontam do plano individual,
ampliando os distritos do mundo interior para a reestruturação da personalidade,
ante o continuísmo da vida.
Edificação
íntima, em cujo levantamento a criatura pode concluir de maneira instintiva:
Deus
é nosso Pai, mas a certeza disso não me exonera da responsabilidade de
burilar-me, trabalhar e viver;
moro
presentemente na Terra, com a obrigação de compartilhar-lhe o progresso;
entretanto, na essência, sou um espírito eterno, evoluindo na direção da
Imortalidade;
atravesso
atualmente caminhos determinados pela lei da causa e efeito; contudo, já sei que
desfruto o privilégio de renovar o próprio destino pelo uso sensato da liberdade
de escolha;
travo
duras batalhas no campo externo, mas compreendo que a maior de todas elas é a
que sustento, dia por dia, no campo íntimo, procurando a vitória sobre mim
mesmo;
possuo
a família do coração; todavia, em todos os seres da estrada, encontro irmãos
verdadeiros, componentes da família maior a que todos pertencemos — a
Humanidade;
sofro
desafios e obstáculos, nas vias planetárias, porém guardo a certeza de que a
alegria imperecível é a meta que me cabe atingir;
desilusões
de provas me assaltam comumente a senda diária; no entanto, reconheço que
preciso aceitá-las por lições valiosas, necessárias, aliás, à minha própria
formação espiritual, na academia da experiência;
o
mundo por vezes passa por transições inesperadas e rudes, todavia, tenho a paz
imutável, no âmago do ser;
o
tempo é a minha herança incorruptível;
a
morte ser-me-á simplesmente estreito corredor para o outro lado da vida.
Revela-nos
Jesus que o Reino de Deus está dentro de nós, e Allan Kardec complementa-lhe a
obra ensinando-nos a desentranhá-lo, através de ação e discernimento, serviço e
amor, a fim de que o homem sublimado consiga sublimar a Terra para que a Terra,
por fora e por dentro, se incorpore, em espírito e verdade, ao Reino dos
Céus.
Emmanuel
(espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz
Livro: Doutrina de Luz
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