A Caminho da Luz

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

NA LIDE ESPIRITUAL

NA LIDE ESPIRITUAL

Enquanto buscais a revelação da verdade, em nossa companhia, procuramos convosco o auxílio fraterno para fazer mais luz, no engrandecimento comum.
Não duvideis. O Espiritismo não traz apenas o adocicado conteúdo da consolação particular, nos círculos do estímulo ao bem, acentuando o socorro celeste à personalidade humana. Abre-nos infinita esfera de serviço, em cujas atividades não podemos prescindir do apoio recíproco, no crescimento da renovação.
Nos alicerces do edifício doutrinário, compreendíamos a curiosidade e o deslumbramento, acima da responsabilidade e do dever, mas agora que nos abeiramos do primeiro centenário da Codificação Kardequiana, é imperioso reconhecer a necessidade de introspecção, a fim de que não percamos de vista os sagrados objetivos que nos reúnem.
Nossas linhas de ação se interpenetram com identidade de obrigações para todos. E nós outros, os desencarnados, não desempenhamos a função de mordomos especiais ou de mensageiros privilegiados, diante de Jesus. Somos simplesmente vossos companheiros, constituindo convosco o exército pacífico de trabalhadores, convocados ao reajustamento espiritual da Humanidade.
À frente dos nossos olhos se desdobram enormes contingentes de luta benemérita, aguardando-nos a boa vontade, na difusão da nova luz.
A superstição levanta fortaleza de sombra, os dogmas cristalizam os impulsos embrionários da fé e a indiferença congela preciosas oportunidades de desenvolvimento e santificação, em toda parte.
É indispensável que nosso espírito de fraternidade se manifeste, restabelecendo a verdade através do amor e reestruturando os caminhos da fé por intermédio das obras edificantes.
Não há tarefas maiores. Todas são grandes pela essência divina que expressam.
O fio d’água que flui ignorado da vertente dum abismo regenera o deserto de vasta extensão. Um gesto humilde opera milagres de solidariedade. Uma simples palavra costuma apagar o incêndio emotivo, prestes a converter-se em conflito integral.
Há missões salvadoras que se dirigem ao mundo inteiro, ao lado de outras que se circunscrevem a uma raça ou a uma comunidade linguística. Observamos tarefas que abrangem uma nação ou que se limitam a determinado grupo de indivíduos, num lar, numa oficina ou numa instituição.
Em todos os lugares, precisamos solucionar problemas, corrigir deficiências e restaurar as bases simples da vida. Por isso mesmo, o nosso ministério, antes de tudo, é o da renovação mental do mundo, sob a inspiração do “amai-vos uns aos outros”, (Jo) segundo o padrão do Mestre que se consagrou à nossa elevação, até à Cruz.
Por enquanto, nem todos entenderão a nossa mensagem. Milhões de companheiros dormem ainda, anestesiados nos templos de pedra ou narcotizados pelos filtros da ignorância, que em todos os tempos procura concentrar sobre si as vantagens materiais do mundo inteiro, com desvairado esquecimento da própria alma.
Seremos defrontados pelas arremetidas da sombra, pelas ciladas sutis do mal, pelos grilhões do ódio, pelo venenoso visco da discórdia e pelos tóxicos da incompreensão; entretanto, o nosso programa fundamental permanece traçado na revivescência do Evangelho Redentor. Nosso esforço primordial se movimenta na renovação das causas, a fim de que o campo de efeitos se modifique para o bem. Somos trabalhadores, dentro da selva compacta de nossos próprios erros, onde encontramos a soma total dos nossos enganos e compromissos de todos os séculos, lutando, retificando, sofrendo, aprendendo, burilando e aperfeiçoando, no rumo do porvir regenerado. Velhos padecentes dos choques de retorno, cabe-nos agir constantemente, à claridade purificadora da Boa-Nova, renovando a sementeira de espiritualidade no presente, construindo a glorificação do nosso próprio futuro.
Compreendemos a função do fenômeno a serviço do esclarecimento individual e coletivo, contudo, acima dele, apontamos a necessidade de mãos operosas e serenas na extensão do bem salvador.
A hora é de concretização dos nossos princípios superiores, de materialização objetiva das mensagens de fraternidade que a nossa confortadora Doutrina oferece em todas as direções.
Coloquemos o plano externo na posição secundária que lhe compete, devolvendo ao espírito o justo destaque e a importância imperecível que a vida lhe outorga.
Cabe-nos gerar novas causas de sublimação na vida pública, no trabalho consuetudinário, no jardim doméstico e no templo vivo dos corações.
Colaborar com Jesus é o nosso dever essencial, plasmando o Evangelho nos pensamentos, palavras e atos da vida, em todos os recantos de nossa marcha para a frente, para que o Espiritismo não se faça mero mostruário de verbalismo fascinante; reduzi-lo a mecanismo de simples investigação ou a florilégio literário seria transformar o nosso movimento bendito de ideias e realizações edificantes num parque de assombrações técnicas, de êxtase inoperante ou de personalismo ocioso e improdutivo.
A atualidade é para nós, portanto, de serviço avançado, não só nas manifestações da inteligência, mas também nas criações do sentimento com as tarefas da educação, da assistência, da solidariedade e da compreensão, no apostolado do amor.
Na lide espiritual, desse modo, não existem prerrogativas para qualquer de nós. O único privilégio de que desfrutamos é o de trabalhar sem recompensa, de auxiliar sem distinção e aprender sempre, procurando em nosso aprimoramento próprio o aperfeiçoamento da Humanidade inteira.
Eis porque, enquanto buscais a verdade em nossas palavras, procuramos o trabalho em vossas mãos.
Em sagrado conjunto de fraternidade, somos os instrumentos do Amigo Celestial que prometeu auxiliar-nos até ao “fim dos séculos”.
Resta-nos, pois, rogar a Ele que nos ensine a atingir convicções sadias e a clarear os nossos ideais, a fim de que não estejamos tão somente a crer e a confortar-nos, mas também a servir incessantemente na edificação do Iluminado e Eterno Reino do Amor.
Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz
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ESPIRITISMO E EVANGELHO
Decididamente, o Espiritismo é o movimento libertador das consciências em sua gloriosa tarefa de reestruturar o mundo.
A princípio, a ciência experimentou. Em seguida, a filosofia codificou-lhe os princípios.
Agora, porém, urge cristianizar-lhe os princípios.
Não basta desvelar o horizonte, nem doutrinar a multidão para a grande jornada. É imperioso traçar um roteiro de trabalho e cumpri-lo, para que não alcancemos a eminência do monte, desconhecendo a luz e a grandeza do serviço que nos cabe desenvolver, junto dela.
Eis porque, na curva descendente da civilização em que vivemos, clamamos pelo cultivo da Sementeira Divina do próprio homem, para que se lhe desate no coração a sagrada herança de amor e sabedoria.
A hora é naturalmente grave pelas nuvens de incompreensão que turvam os dias porvindouros.
Não nos cansaremos de repetir a advertência, porque o sábio da desintegração atômica ainda se acha envenenado pelo vírus da hegemonia política; a inteligência que se eleva com asas metálicas à imensidão do firmamento estuda os processos mais eficazes de operar a destruição em baixo, e o raciocínio que escreve páginas comovedoras nem sempre se levanta para o idealismo superior.
Antigamente, o laboratório poderia pesquisar sozinho, e a academia justificava a exclusividade do ministério da discussão. Hoje, contudo, meus amigos, a Doutrina Consoladora exige a aliança de todos os valores para que o cérebro e o coração permaneçam a serviço do Cristo, na obra da fraternidade e da paz.
Em verdade, nenhum de vós outros alegará desconhecimento, com respeito às tempestades renovadoras que se aproximam. Ninguém pode prever o curso da negra torrente do ódio e da incompreensão no Planeta, em face do movimento apocalíptico que se esboça nos caminhos do mundo…
Em razão disso, a meditação com aproveitamento das horas, na construção dos alicerces do Terceiro Milênio, constitui imperativo fundamental do esforço moderno em todos os bastidores espiritualistas da atualidade.
É necessário estender mais luz em derredor da senda humana.
O Espiritismo descortina.
O Evangelho, contudo, orienta.
O Espiritismo informa.
O Evangelho, todavia, ilumina.
O Espiritismo entusiasma.
O Evangelho, porém, santifica.
O Espiritismo leciona.
O Evangelho, no entanto, define.
É imperioso enfrentar o problema de nossa própria luta regenerativa para que a renovação interior se processe segura e definitiva.
Nos primórdios da Causa, era natural que a pergunta sistematizada e o conflito verbal dominassem as fontes da revelação, mas nos tempos que correm é imprescindível que o manancial do bem dimane cristalino do centro de nós mesmos a beneficio do mundo.
Antes do conhecimento iluminativo, compreendia-se o impulso com que nos abeirávamos do Plano Superior, sentindo-nos famintos da graça e esperando que o Senhor no-la dispensasse, à maneira de um rei terrestre em sua carruagem de púrpura e flores, cercada de mendigos.
Entretanto, nos dias abençoados que vos assinalam a experiência purificadora, é indispensável preparar a acústica, do ser, para que ouçamos a voz do Céu, que nos pede o coração de modo a consagrá-lo ao serviço redentor da Humanidade.
Assim, pois, meus amigos, indagando ou ensinando, crendo ou investigando, estudando ou discutindo, não nos esqueçamos, em Jesus, da religião do sacrifício, com a inteligência evangelizada, convertendo as nossas mãos pelo trabalho incessante, na fraternidade e na sublimação do mundo, em asas de sabedoria e de amor para a Vida Imortal.
Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz
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PERANTE A CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA
A Codificação Kardequiana orienta o homem para o “construir-se”, de dentro para fora. Com semelhante afirmativa numerosas legendas repontam do plano individual, ampliando os distritos do mundo interior para a reestruturação da personalidade, ante o continuísmo da vida.
Edificação íntima, em cujo levantamento a criatura pode concluir de maneira instintiva:
Deus é nosso Pai, mas a certeza disso não me exonera da responsabilidade de burilar-me, trabalhar e viver;
moro presentemente na Terra, com a obrigação de compartilhar-lhe o progresso; entretanto, na essência, sou um espírito eterno, evoluindo na direção da Imortalidade;
atravesso atualmente caminhos determinados pela lei da causa e efeito; contudo, já sei que desfruto o privilégio de renovar o próprio destino pelo uso sensato da liberdade de escolha;
travo duras batalhas no campo externo, mas compreendo que a maior de todas elas é a que sustento, dia por dia, no campo íntimo, procurando a vitória sobre mim mesmo;
possuo a família do coração; todavia, em todos os seres da estrada, encontro irmãos verdadeiros, componentes da família maior a que todos pertencemos — a Humanidade;
sofro desafios e obstáculos, nas vias planetárias, porém guardo a certeza de que a alegria imperecível é a meta que me cabe atingir;
desilusões de provas me assaltam comumente a senda diária; no entanto, reconheço que preciso aceitá-las por lições valiosas, necessárias, aliás, à minha própria formação espiritual, na academia da experiência;
o mundo por vezes passa por transições inesperadas e rudes, todavia, tenho a paz imutável, no âmago do ser;
o tempo é a minha herança incorruptível;
a morte ser-me-á simplesmente estreito corredor para o outro lado da vida.
Revela-nos Jesus que o Reino de Deus está dentro de nós, e Allan Kardec complementa-lhe a obra ensinando-nos a desentranhá-lo, através de ação e discernimento, serviço e amor, a fim de que o homem sublimado consiga sublimar a Terra para que a Terra, por fora e por dentro, se incorpore, em espírito e verdade, ao Reino dos Céus.

Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Doutrina de Luz

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